NE VARIETUR

Ne varietur, como bem observa AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA, trata-se de uma locução latina que significa: “Para que nada seja mudado”; usada para indicar reprodução muito fiel (Pequeno Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa, 11ª Ed., Ed. GAMA).

Por ser expressão não vernácula, vem causando certa confusão quanto a sua pronúncia.

Para sanarmos a questão de forma científica e definitiva, pois o dever do Maçom é a busca incessante da Verdade, apoiamo-nos na obra do PE. JÚLIO COMBA, S. D. B., intitulada Gramática Latina, 4º Ed., Ed. Salesiana Dom Bosco, SP, 1991.

A princípio, informa PE. JÚLIO, ser “impossível determinar com exatidão qual fosse a pronúncia da língua latina no tempo dos romanos”, todavia, utilizando-se de regras gramaticais precisas, chegaremos satisfatoriamente à pronúncia mais acertada.

Preleciona o autor, que “uma sílaba longa era pronunciada pelos antigos romanos mais demoradamente do que uma breve”, dando certa impressão, do que seria para a Língua Portuguesa, da tonicidade.

“É longa a sílaba que contem um ditongo”, que em Latim são três, a saber: ae, oe, au; e “geralmente breve toda vogal seguida de outra vogal: varĭētur.

Ensina, ainda, que nas “palavras de mais de duas sílabas o acento cairá na penúltima se esta for longa; cairá na antepenúltima de for breve”: varĭētur.

Isto posto, concluímos que a pronúncia que mais se aproxima do Latim Clássico, é variétur.

Em Maçonaria, na instrução do Ir.’. JOAQUIM GERVÁSIO DE FIGUEIREDO, 33º, ne varietur vem denominar a “assinatura que os IIr.’. são obrigados a apor em todos os diplomas e demais documentos comprobatórios de seus graus, que credenciam sua personalidade maçônica” (Dicionário de Maçonaria, Ed. Pensamento).

Data maxima venia, acrescente-se a este conceito, ser expressão designativa de algo fiel e permanente que possa servir de base à verificação posterior.

Por conseguinte, ne varietur é a “assinatura modelo”, ou seja, aquela que não será mudada, pois, uma vez aposta em documento maçônico oficial, servirá de base a posterior verificação de autenticidade.

São as Sessões Iniciáticas, quais sejam: Iniciação, Elevação e Exaltação, as ocasiões por excelência, em que o ne varietur é gravado, após a Consagração e findo Cerimonial correspondente.

Com efeito, o ne varietur deverá ser observado em todas as ocasiões em que o Maçom necessitar imprimir sua assinatura, seja qual for o documento. Desta forma, maçom que grava sua assinatura ao Livro de Freqüências ou de Visitantes de uma Loj.’., está imprimindo seu Ne Varietur.

Por derradeiro, assim dispõe o art. 136, §2º, b, do Regulamento Geral da GLOMAM, acerca das atribuições dos EExp.’.:

§2º- Compete ao 2º Exp.’.:
(…)
 b) apresentar aos visitantes o livro onde devem assinar e entrega-lo ao Or.’. para ser confrontada a assinatura com o ne varietur dos seus títulos;

Desta forma, concluímos nossa breve pesquisa, informando aos RResp.’. IIr.’. que o assunto em tela não resta esgotado, mas apenas inicia a discussão.

Or.’. de Manaus, 02 de setembro de 2003 (E.’. V.’.)
Maurício Fernandes de Almeida, M.’. M.’.
M.’. de CCer.’. Adj.’. da Ben.’. Loj.’. Simb.’. “Rio Solimões nº 24”, Jurisdicionada à G.’.L.’.O.’.M.’.A.’.M.’. – Brasil