A ACÁCIA

A Acácia: planta símbolo por excelência da Maçonaria; representa a segurança, a clareza, e também a inocência ou pureza. A Acácia foi tida na antiguidade, entre os hebreus, como árvore sagrada e daí sua conservação como símbolo maçônico. Os antigos costumavam simbolizar a virtude e outras qualidades da alma com diversas plantas. A Acácia é inicialmente um símbolo da verdadeira Iniciação para uma nova vida, a ressurreição para uma vida futura.

NA LENDA DE H.’. A.’.

Ao cair da noite, o conduziram para o Monte Mória, onde o enterraram numa sepultura que cavaram e assinalaram com um ramo de Acácia. Quando, extenuados, os exploradores enviados pelo Rei Salomão chegaram ao ponto de encontro, seus semblantes desencorajados só expressaram a inutilidade de seus esforços. … Caindo literalmente de fadiga, (um)… Mestre tentava agarrar-se a um ramo de Acácia. Ora, para sua grande surpresa, o ramo soltou-se em sua mão, pois havia sido enterrado numa terra há pouco removida. Esse “ramo de Acácia” criou vida própria, cresceu e tornou-se o maior Símbolo do Grau de M.’. M.’..

Em outra versão, os M.’. M.’. que foram a procura do Mestre H.’. A.’. encontraram um monte de terra que parecia cobrir um cadáver, e terra recentemente removida; plantaram ali um ramo de Acácia para reconhecer o local. Conforme uma terceira versão, a Acácia teria brotado do corpo do Resp.’. M.’. morto, anunciando a ressurreição de Hiram.

Sendo a morte de H.’. A.’. uma lenda, resulta evidente que existam diferentes versões, mas o importante é que todas elas coincidem na sua sepultura surgir um ramo de Acácia.

NA BOTÂNICA

A Acácia é uma árvore espinhosa que possui espinhos penetrantes, da família das leguminosas-mimosas, Acácia Dialbata. É dela que se extrai a goma arábica.

No texto original grego do Novo Testamento o termo usado é akanqwn (akanthon), que foi traduzido ao português tanto como Acácia ou como acanto, e que também pode significar espinho, espinhoso, etc. Esta palavra grega aparece em várias passagens da Bíblia mencionando a coroa de espinhos e também a árvore conhecida como shittah. A coroa de Acácia espinhosa na cabeça de Jesus é símbolo de sabedoria. Mas como devemos interpretar o gesto dos soldados romanos quando coroam Jesus com espinhos?

Podemos entender como mais um ato de crueldade com sentido unicamente pejorativo ou será que, aparentemente, houve alguém que conhecendo a simbologia encetada no ramo de Acácia induziu à soldadesca a usar este tipo de ramo?

[topo]

NA ANTIGUIDADE

Em hebraico antigo o termo shittah é usado para Acácia sendo o plural shittin. Os povos antigos tiveram um respeito extremado pela acácia chegando a ser considerada um símbolo solar porque suas folhas se abrem com a luz do sol do amanhecer e fecham-se ao ocaso; sua flor imita o disco do sol. Entre os árabes, na antiga Numídia seu nome era Houza e acredita-se ser a origem de nossa palavra “Huzé”. Também é chamada como Hoshea, palavra sagrada usada num capítulo do R.’. E.’. A.’. e A.’.. O sentimento dos israelitas pela Acácia começa com Moisés, quando na construção dos elementos mais sagrados é utilizada a Acácia (Arca, Mesa, Altar) devido, principalmente, por suas características de imputrescibilidade. Os Egípcios também a tinham como planta sagrada, mas Maomé ordenou que a destruíssem.

A Acácia é dedicada a Hermes – Mercúrio e seus ramos floridos relembram o celebre “Ramo Dourado”, dos antigos mistérios. Trata-se, efetivamente, da Acácia Mimosa, cujas flores se parecem pequenas bolas de ouro. É a planta de que fala a fábula de Osíris e o Rito Maçônico do Grau de Mestre. Essa planta teria florescido sobre o túmulo do deus, o iniciado, morto por Tifão e que era para fazer reconhece-lo.

NA BÍBLIA

Altar dos Holocaustos – “Farás o altar de madeira de Acácia. Seu comprimento será de cinco côvados, sua largura de cinco côvados e sua altura será de três côvados”. (Êxodo, 27 – 1).

Arca da Aliança – farão uma arca de madeira de cetim (Acácia)… (Êxodo 25:10)

Mesa dos Pães Propiciais – farás uma mesa de madeira de cetim (Acácia)… (Êxodo 25:23)

Bete-Sita, no hebraico significa Lugar da Acácia, e no Atlas moderno aparece localizado no paralelo 32 e 30’ ao lado do rio Jordão.

A Bíblia é rica em alusões da madeira de Acácia dando para ela usos sagrados (a cruz do sacrifício de Jesus teria sido feita de Acácia) o que, por sua vez a converte em uma árvore sagrada. A Acácia é o Shittah ou Shittim no plural (Espinho em Hebreu), como o Pau de Cetim da Arca da Aliança (Êxodo, 35 e seus versículos).

A Acácia é considerada como árvore sagrada. Moisés, a pedido do Senhor, ordenou seu povo, enquanto descansava no deserto, ao pé do Sinai, usasse a Acácia – Pau de Cetim na fabricação do Tabernáculo e nos móveis nele usados – A Arca da Aliança, a Mesa dos Pães da Proposição, os Varais da Arca, os adornos, etc.

[topo]

NA MAÇONARIA

Entre os rosacruzes, assim como em alguns ritos maçônicos já desaparecidos, ou de pequena expressão, na Europa, ensina-se que a Acácia teve a sua madeira utilizada na confecção da cruz, onde Jesus foi executado, o que é pura especulação.

Quando o Resp.’. M.’. pergunta ao Ven.’. Irm.’. 1º Vig.’. “Sois M.’. M.’. ? E o interpelado responde ”A A.’. M.’. é C.’.” ele estabelece de imediato sua qualidade de Maç.’., o que, equivale a dizer “tendo estado na tumba, e triunfado levantando-me dentre os mortos e, estando regenerado, tenho direito à vida eterna”. A interpretação simbólica e filosófica da planta sagrada é riquíssima e lembra a parte espiritual que existe dentro de nós que, como uma emanação de Deus, jamais pode morrer. A Acácia é, simplesmente, a representação da alma e nos leva a estudar seriamente nosso espírito, nosso eu interior e a parte imaterial de nossa personalidade.

Outra importante significação simbólica da Acácia foi dada por Albert Gallatin Mackey e Bernard E. Jones que ressaltam a Inocência e a iniciação; o grego akakia também é usado para definir qualidade moral, inocência ou pureza de vida. E do Maç.’., que já conhece a Acácia é esperado uma conduta pura e sem máculas.  Estima-se que em 1937 a Acácia nasce em nosso simbolismo junto com a Maçonaria especulativa, sendo a consciência da vida eterna. “Este galho verde no mistério da morte é o emblema do zelo ardente que o M.’.M.’. deve ter pela verdade e a justiça, no meio dos homens corruptos que se traiçoam uns aos outros”.

Maçônicamente simboliza Inocência, Iniciação, Imortalidade da Alma (os 3 I.’.) e Incorruptibilidade, porém na lenda de Hiram simbolizou a Inveja, o fanatismo e a Ignorância. Incorruptibilidade, por isso, foram enterrados os membros de Osíris, num caixão de Acácia; Imortalidade, Ressurreição (renovação, metamorfose) de Osíris, Hiram e Jesus; Iniciação, pois a Imortalidade é o apanágio dos adeptos e Iniciados; Inocência, pois os espinhos representam aqueles que não se deixam tocar por mão impuras. Sendo da família da “mimosa” , como a planta “sensitiva”, fecha as folhas ao serem tocadas. Akakia (em grego) quer dizer sem maldade ou malícia. Quando O Maç.’. diz que a A.’. M.’. é C.’., significa que conhece a imortalidade da alma.

[topo]

Na história de Jacques Molay, também, surge a citação de que alguns Cavaleiros disfarçados que colocaram Ramos de Acácia sobre suas cinzas quando as mesmas foram levadas para o Monte de Heredom. Três dos quatros Evangelistas a mencionam em seu Evangélio, Mateus (27:29), Marcos (15:17) e João (19:2), ligando-a ao “coroamento de Jesus”.

Concluindo, quando o M.’. M.’. responde A.’. M.’. é C.’., significa: Levantei-me do túmulo e saí com vida. Sou eterno, consciente de meu ser como homem livre e regenerado; estou cultivando o desenvolvimento de todas as minhas dificuldades, procurando engrandecer, amar e socorrer meus irmãos que tiverem justas necessidades; estou procurando significar minha existência, fazendo feliz a humanidade; a vida presente é a preparação da futura. A felicidade eterna do homem começará quando ele tiver alcançado a mais profunda paz, que resulta da harmonia e do equilíbrio perfeito, com a Sublime Luz do G.’.A.’.D.’.U.’..

A Acácia á a árvore da vida. Suas flores cegam, suas sementes matam, as suas raízes curam. A semente é o veneno; a raiz o antídoto.

BIBLIOGRAFIA:

1. BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica, 1996;
2. CARTES, Osmar Or:. de São Paulo – SP, www.triumpho.tripod.com.br ;
3. CARVALHO, Assis, O Mestre Maçom;
4. Jose@castellani.com.br
5. VAROLI, Theobaldo Filho, Curso de Maçonaria Simbólica;
6. Portalmaconico.com.br;
7. Agradecimento à assessoria do consultor Ir.’. Jose Roberto Mira do G.’.O.’.P.’. Caraguatatuba;

Alcinei Feitosa
M.’. M.’. – ARLS Baluartes do Atlantico, Or de Caraguatatuba (São Paulo, Brasil)