A BÍBLIA MAÇÔNICA DO REI JAMES I – PARTE 2

PARTE 2 DE 2
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CASAMENTO ESPANHOL
Outro fonte em potencial de renda era a perspectiva de um dote espanhol com um casamento entre Carlos, Príncipe de Gales, e a infanta Maria Ana de Espanha. A política do Casamento Espanhol, como foi chamado, também era atrativa para Jaime como um modo de manter a paz com a Espanha e evitar custos extras com uma guerra. A paz podia ser mantida com as negociações ativas e pela consumação do casamento – o que pode explicar porque Jaime manteve as negociações por quase uma década. A política era apoiada por Henry e Thomas Howard e outros ministros e diplomatas de tendências católicas – juntos conhecidos como Partido Espanhol – porém não tinham a confiança dos protestantes.

Quando sir Walter Raleigh foi libertado da prisão em 1616, ele foi procurar ouro na América do Sul com claras instruções de Jaime para não entrar em conflitos com a Espanha. A expedição foi um grande fracasso e seu filho foi morto lutando contra os espanhois. Quando Raleigh voltou para a Inglaterra, Jaime mandou executá-lo, gerando indignação no público, que era contra o apaziguamento com a Espanha. A política de Jaime foi prejudicada ainda mais com o início da Guerra dos Trinta Anos, especialmente depois de seu genro Frederico V, Eleitor Palatino, ter sido expulso em 1620 da Boémia pelo católico Fernando II, com tropas espanholas invadindo ao mesmo tempo o território natal de Frederico, a Renânia (22). Jaime finalmente chamou um parlamento no ano seguinte para financiar uma expedição militar afim de ajudar seu genro.

Por um lado, os comuns garantiram subsídios inadequados para financiar operações militares sérias ao auxílio de Frederico, por outro – lembrando dos lucros conseguidos com os ataques navais de Isabel contra os carregamentos de ouro espanhol – declararam uma guerra diretamente contra a Espanha. Em novembro de 1621, liderados por sir Edward Coke, os comuns vieram com uma petição pedindo não apenas uma guerra contra a Espanha mas também que Carlos se casasse com uma protestante, reforçando as leis anti-católicas. Jaime categoricamente disse-lhes para não interferirem nas questões da prerrogativa real ou poderiam tomar punições, que os fez publicar uma declaração protestando por seus direitos, que incluiam a liberdade de expressão. Pressionado por Jorge Villiers, 1.° Duque de Buckingham e o embaixador espanhol Diego Sarmiento de Acuña, Jaime arrancou o protesto do livro de registros e dissolveu o parlamento.

No início de 1623, Carlos e Villiers decidiram agir por conta própria e viajar para a Espanha em segredo, afim de ganhar Maria Ana diretamente, porém a missão foi um enorme fracasso. Ela detestou Carlos e os espanhois os confrontaram com termos que incluiam as leis anti-católicas aprovadas pelo parlamento. Mesmo com um tratado sendo assassinado, o príncipe e o duque voltaram para a Inglaterra em outubro e rapidamente renunciaram ao acordo, alegrando muito o povo inglês. Desiludidos, os dois ignoraram a política espanhola de Jaime e pediram um casamento francês e uma guerra contra o império de Habsburgo. Para arrecadarem os fundos necessários, eles prevaleceram sobre o rei para chamar outro parlamento, que se reuniu em fevereiro de 1624. Pela primeira vez, o grande sentimento anti-católico dos comuns ecoou na corte, onde o controle da política estava saindo de Jaime e passando para Carlos e Villiers, que pressionaram o rei para declarar guerra e planejaram a destituição de Cranfield quando este se opôs aos planos por causa dos custos. O resultado do parlamento foi ambíguo: Jaime se recusou a declarar guerra, porém Carlos acreditava que os comuns estavam comprometidos a financiar uma guerra contra a Espanha, uma situação que contribuiu para seus problemas com o parlamento durante seu próprio reinado.

REI E IGREJA
Após a Conspiração da Pólvora, Jaime sancionou severas medidas para controlar os católicos ingleses não-conformistas. Em maio de 1606, o parlamento aprovou a Lei de Recusa Papispa, que forçaria todos os cidadãos a prestar um juramente de lealdade negando a autoridade do papa sobre o rei. Jaime foi conciliatório com os católicos que prestaram o juramento, tolerando o catolicismo secreto até dentro de sua corte. Henry Howard, por exemplo, era secretamente católico e foi recebido de volta na Igreja Apostólica Romana em seus últimos meses.

Ao assumir o trono inglês, Jaime, suspeitando de que iria precisar do apoio dos católicos da Inglaterra, garantiu ao Conde de Northumberland, simpatizante da antiga religião, de que não perseguiria “ninguém que seja discreto e prestativo, mas uma obediência externa à lei”. Na Petição Milenar de 1603, o clero puritano (23) exigiu, entre outras coisas, a abolição da confirmação, alianças de casamento e o termo “padre”, e que o uso da touca e sobrepeliz (24) torna-se opcional. Jaime inicialmente foi rigoroso na aplicação da conformidade, induzindo um sentimento de perseguição entre muitos puritanos; mas expulsões e suspensões tornaram-se menos frequentes enquanto o reinado proseguia. Como resultado da Conferência de Hampton Court em 1604, uma nova tradução e compilação dos livros aprovados da Bíblia foram encomendados para resolver questões das diferentes traduções.

A Versão do Rei Jaime, como ficou conhecida, foi completada em 1611 e é considerada uma obra prima da prosa jacobita (25), ainda sendo amplamente usada. Na Escócia, Jaime tentou levar a igreja escocesa “tão próxima quanto possível” da Igreja Anglicana para reestabelecer o episcopado (26), uma política que enfrentou grande oposição dos presbiterianos (27). Em 1617, pela única vez desde que assumiu o trono inglês, Jaime voltou para a Escócia na esperança de implementar os rituais anglicanos. Os bipos do rei forçaram seus Cinco Artigos de Perth através de Assembleia Geral no ano seguinte, mas as decisões receberam amplas resistências. Jaime deixaria a igreja da Escócia dividida em sua morte, criando uma fonte de problemas para seu filho.

FAVORITOS
Durante toda sua vida Jaime teve relações próximas com cortesãos masculinos, causando debate entre os historiadores sobre suas naturezas. Depois de sua ascensão na Inglaterra, sua atitude pacífica e acadêmica contrastava com o comportamento belicoso e sedutor de Isabel, algo indicado pelo epigrama contemporâneo Rex fuit Elizabeth, nunc est regina Jacobus (“Isabel era o rei, agora Jaime é a rainha”). Alguns de seus biógrafos concluem que Esmé Stewart (posterior Duque de Lennox), Roberto Carr (depois Conde de Somerset) e Jorge Villiers (depois Duque de Buckingham) eram seus amantes. A restauração do Apethorpe Hall, realizada entre 2004 e 2008, revelou uma passagem anteriormente desconhecida ligando os quartos de Jaime e Villiers. Outros afirmam que as relações não eram sexuais. O Basilikon Doron de Jaime lista a sodomia como um crime que “estais no dever de consciência nunca perdoar”, e Ana da Dinamarca deu à luz a sete filhos do rei, além de sofrer pelo menos três abortos e ter dois natimortos.

Quando Robert Cecil morreu em 1612, houve poucas lamentações por aqueles que brigavam para assumir o poder agora vacante. Até sua morte, o sistema administrativo elisabetano sobre o qual ele presidia continuava a funcionar com relativa eficiência; depois, entretanto, o governo de Jaime entrou em um período de declíneo e descrédito. A morte de Cecil deu ao rei a noção de governar em pessoa como seu próprio Ministro de Estado, com Carr assumindo muitas das funções de Cecil. Porém, a inaptidão de Jaime de comparecer de forma próxima às questões oficiais expôs o faccionalismo do governo. O partido de Henry Howard logo tomou controle de grande parte do governo e sua patronagem.

Até o poderoso Carr, pouco preparado para as resposabilidades que foram colocadas sobre ele e frequentemente dependente de sua amigo íntimo sir Thomas Overbury para ajuda na papelada governamental, caiu no campo de Howard após começar um caso com a casada Francisca Howard, quem Jaime ajudou a conseguir a anulação do casamento para poder se casar com Carr. Porém, no verão de 1615, surgiu que Overbury, que morreu no dia 15 de setembro de 1613 na Torre de Londres, onde estava à pedido do rei, foi envenenado. Entre aqueles condenados pelo assassinato estava Francisca e Roberto Carr, o último já tendo sido substituído como favorito do rei por Villiers. Jaime perdou Francisca e comutou a sentença de Carr, eventualmente perdoando-o em 1624. A implicação do rei em um escândalo como esse provocou muitas conjunturas públicas e literárias, além de manchar a corte de Jaime com uma imagem de corrupção e depravação. A subsequente queda dos Howard deixou Villiers sem oponentes em 1619 como a figura suprema do governo.

ÚLTIMO ANO
Por volta dos cinquenta anos de idade, Jaime começou a sofrer cada vez mais de artrite, gota e cálculo renal. Ele também perdeu os dentes e bebia muito. Durante seu último ano de vida, com Villiers tendo consolidado seu controle sobre Carlos para garantir seu prórpio futuro, o rei estava frequentemente muito doente, se transformando numa figura cada vez mais periférica e raramente visitando Londres. Uma teoria diz que Jaime podia estar sofrendo de porfíria (28), uma doença que seu descendente Jorge III do Reino Unido exibia sintomas. Jaime descreveu sua urina ao médico Théodore de Mayerne como sendo “coloração vermelho escuro de vinho Alicante”.Essa teoria não é aceita por alguns especialistas, particularmente no caso de Jaime já que tinha cálculo renal, que pode levar sangue até a urina e fazê-la ficar avermelhada.

No início de 1625, Jaime foi tomado por uma série de ataques de artrite, gota e desmaios, ficando seriamente doente em março com calafrios e então com um derrame. Jaime VI & I morreu na Theobalds House no dia 27 de março durante um violento ataque de disenteria, com Villiers ao seu lado. Seu funeral, um evento magnífico e desorganizado, ocorreu em 7 de maio. O bispo John Williams de Lincoln pregou o sermão, dizendo que o “Rei Salomão morreu em Paz, quando já tinha vivido por volta de sessenta anos … e assim você sabe o fez Rei Jaime” foi enterrado na Abadia de Westminster (29). A posição exata da tumba ficou perdida por vários séculos. No século XIX, após a escavação de muitas das sepulturas sob o chão, o caixão de Jaime foi encontrado na sepultura de Henrique VII.

FRANCIS BACON
Francis Bacon, 1°. Visconde de Alban, também referido como Bacon de Verulâmio (Londres, 22 de janeiro de 1561 — Londres, 9 de abril de 1626) foi um político, filósofo e ensaísta inglês, barão de Verulam (ou Verulamo ou ainda Verulâmio), visconde de Saint Alban. É considerado como o fundador da ciência moderna. Desde cedo, sua educação orientou-o para a vida política, na qual exerceu posições elevadas. Em 1584 foi eleito para a câmara dos comuns.

Sucessivamente, durante o reinado de Jaime I, desempenhou as funções de procurador-geral (1607), fiscal-geral (1613), guarda do selo (1617) e grande chanceler (1618). Neste mesmo ano, foi nomeado barão de Verulam e em 1621, barão de Saint Alban. Também em 1621, Bacon foi acusado de corrupção. Condenado ao pagamento de pesada multa, foi também proibido de exercer cargos públicos. Como filósofo, destacou-se com uma obra onde a ciência era exaltada como benéfica para o homem. Em suas investigações, ocupou-se especialmente da metodologia científica e do empirismo (30), sendo muitas vezes chamado de “fundador da ciência moderna”. Sua principal obra filosófica é o Novum Organum (31). Francis Bacon foi um dos mais conhecidos e influentes rosacruzes (32) e também um alquimista, tendo ocupado o posto mais elevado da Ordem Rosacruz, o de Imperator. Estudiosos apontam como sendo o real autor dos famosos manifestos rosacruzes, Fama Fraternitatis (33) (1614), Confessio Fraternitatis (34) (1615) e Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz (35) (1616).

FILOSOFIA
CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS

Preliminarmente, Bacon propõe a classificação das ciências em três grupos:

  • Poesia ou ciência da imaginação;

  • História ou ciência da memória;

  • Filosofia ou ciência da razão.

A história é subdividida em natural e civil e a filosofia é subdividida em filosofia da natureza e em antropologia.

ÍDOLOS
No que se refere ao Novum Organum, Bacon preocupou-se inicialmente com a análise de falsas noções (ídolos) que se revelam responsáveis pelos erros cometidos pela ciência ou pelos homens que dizem fazer ciência. É um dos aspectos mais fascinantes e de interesse permanente na filosofia de Bacon. Esses ídolos foram classificados em quatro grupos:

  1. Idola Tribus (ídolos da tribo): Ocorrem por conta das deficiências do próprio espírito humano e se revelam pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis. O homem é o padrão das coisas, faz com que todas as percepções dos sentidos e da mente sejam tomadas como verdade, sendo que pertencem apenas ao homem e não ao universo. Dizia que a mente se desfigura da realidade. São assim chamados porque são inerentes à natureza humana, à própria tribo ou raça humana.

  2. Idola Specus (ídolos da caverna): De acordo com Bacon, cada pessoa possui sua própria caverna, que interpreta e distorce a luz particular, à qual estão acostumados. Isso quer dizer que, da mesma maneira presente na obra ‘República’ de Platão, os indivíduos, cada um, possui a sua crença, sua verdade particular, tida como única e indiscutível. Portanto, os ídolos da caverna perturbam o conhecimento, uma vez que mantém o homem preso em preconceitos e singularidades.

  3. Idola Fori (ídolos do foro): Segundo Bacon, os ídolos do foro são os mais perturbadores, já que estes alojam-se no intelecto graças ao pacto de palavras e de nomes. Para os teóricos matemáticos um modo de restaurar a ordem seria através das definições. Porém de acordo com a teoria baconiana, nem mesmo as definições poderiam remediar totalmente esse mal, tratando-se de coisas materiais e naturais posto que as próprias definições constam de palavras e as palavras engendram palavras. Percebe-se portanto, que as palavras possuem certo grau de distorção e erro, sendo que umas possuem maior distorção e erro que outras.

  4. Idola Theatri (ídolos do teatro): Os ídolos do teatro têm suas causas nos sistemas filosóficos e em regras falseadas de demonstrações. Os falsos conceitos são as ideologias, essas são produzidas por engendramentos filosóficos, teológicos, políticos e científicos, todos ilusórios. Os ídolos do teatro, para Bacon, eram os mais perigosos, porque, em sua época, predominava o princípio da autoridade – os livros da antiguidade e os livros sagrados eram considerados a fonte de todo o conhecimento.

O MÉTODO
O objetivo do método baconiano é constituir uma nova maneira de estudar os fenômenos naturais. Para Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros não depende do raciocínio silogístico (36) aristotélico, mas sim da observação e da experimentação regulada pelo raciocínio indutivo (37). O conhecimento verdadeiro é resultado da concordância e da variação dos fenômenos que, se devidamente observados, apresentam a causa real dos fenômenos.

Para isso, no entanto, deve-se descrever de modo pormenorizado os fatos observados para, em seguida, confrontá-los com três tábuas que disciplinarão o método indutivo: a tábua da presença (responsável pelo registro de presenças das formas que se investigam), a tábua de ausência (responsável pelo controle de situações nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes) e a tábua da comparação (responsável pelo registro das variações que as referidas formas manifestam). Com isso, seria possível eliminar causas que não se relacionam com o efeito ou com o fenômeno analisado e, pelo registro da presença e variações seria possível chegar à verdadeira causa de um fenômeno. Estas tábuas não apenas dão suporte ao método indutivo mas fazem uma distinção entre a experiência vaga (noções recolhidas ao acaso) e a experiência escriturada (observação metódica e passível de verificações empíricas). Mesmo que a indução fosse conhecida dos antigos, é com Bacon que ela ganha amplitude e eficácia.

O método, no entanto, possui pelo menos duas falhas importantes. Em primeiro lugar, Bacon não dá muito valor à hipótese. De acordo com seu método, a simples disposição ordenada dos dados nas três tábuas acabaria por levar à hipótese correta. Isso, contudo, raramente ocorre. Em segundo lugar, Bacon não imaginou a importância da dedução matemática para o avanço das ciências. A origem para isso, talvez, foi o fato de ter estudado em Cambridge, reduto platônico que costumava ligar a matemática ao uso que dela fizera Platão.

OBRAS
A produção intelectual de Bacon foi vasta e variada. De modo geral, pode ser dividida em três partes: jurídica, literária e filosófica.

OBRAS JURÍDICAS
Figuram entre seus principais trabalhos jurídicos os seguintes títulos: The Elements of the common lawes of England (38) (Elementos das leis comuns da Inglaterra), Cases of treason (39) (Casos de traição), The Learned reading of Sir Francis Bacon upon the statute os uses (40) (Douta leitura do código de costumes por Sir Francis Bacon).

OBRAS LITERÁRIAS
Sua obra literária fundamental são os Essays (41) (Ensaios), publicados em 1597, 1612 e 1625 e cujo tema é familiar e prático. Alguns de seus ditos tornaram-se proverbiais e os Essays tornaram-se tão famosos quanto os de Montaigne (42). Outros opúsculos, no âmbito literário: Colours of good and evil (43) (Estandartes do bem e do mal), De sapientia veterum (44) (Da sabedoria dos antigos). No âmbito histórico destaca-se History of Henry VII (História de Henrique VII) .

OBRAS FILOSÓFICAS
As obras filosóficas mais importantes de Bacon são Instauratio magna (Grande restauração) e Novum organum. Nesta última, Bacon apresenta e descreve seu método para as ciências. Este novo método deverá substituir o Organon aristotélico. Seus escritos no âmbito filosófico podem ser agrupados do seguinte modo:

  1. Escritos que faziam parte da Instauratio magna e que foram ou superados ou postos de lado, como: De interpretatione naturae (Da interpretação da natureza), Inquisitio de motu (Pesquisas sobre o movimento), Historia naturalis (História natural), onde tenta aplicar seu método pela primeira vez;

  2. Escritos relacionados com a Instauratio magna, mas não incluídos em seu plano original. O escrito mais importante é New Atlantis (Nova Atlântida), onde Bacon apresenta uma concepção do Estado ideal regulado por ideias de caráter científico. Além deste, destacam-se Cogitationes de natura rerum (Reflexões sobre a natureza das coisas) e De fluxu et refluxu (Das marés);

  3. Instauratio magna, onde Bacon procura desenvolver o seu pensamento filosófico-científico e que consta de seis partes:

    a) Partitiones scientiarum (Classificação das ciências), sistematização do conjunto do saber humano, de acordo com as faculdades que o produzem;
    b) Novum organum sive Indicia de interpretatione naturae (Novo método ou Manifestações sobre a interpretação da natureza), exposição do método indutivo, trabalho esse que reformula e repete o Novum organum;
    c) Phaenomena universi sive Historia naturalis et experimentalis ad condendam philosophiam (Fenômenos do universo ou História natural e experimental para a fundamentação da filosofia), versa sobre a coleta de dados empíricos;
    d) Scala intellectus, sive Filum labyrinthi (Escala do entendimento ou O Fio do labirinto), contém exemplos de investigação conduzida de acordo com o novo método;
    e) Prodromi sive Antecipationes philosophiae secundae (Introdução ou Antecipações à filosofia segunda), onde faz considerações à margem do novo método, visando mostrar o avanço por ele permitido;
    f) Philosophia secunda, sive Scientia activa (45) (Filosofia segunda ou Ciência ativa), seria o resultado final, organizado em um sistema de axiomas.

MORTE E LEGADO DE FRANCIS BACON
Francis Bacon esteve envolvido com investigações naturais até o fim de sua vida, tentando realizar na prática seu método. No inverno de 1626, estava envolvido com experiências sobre o frio e a conservação. Desejava saber por quanto tempo o frio poderia preservar a carne. A idade havia debilitado a saúde do filósofo e ele acabou não resistindo ao rigoroso inverno daquele ano. Morreu em 9 de abril, vítima de uma bronquite. Encontra-se sepultado em St Michael Churchyard, St Albans, Hertfordshire na Inglaterra.

Efetivamente, Bacon não realizou nenhum grande progresso nas ciências naturais. Mas foi ele quem primeiro esboçou uma metodologia racional para a atividade científica. Sua teoria dos idola antecipa, pelo menos potencialmente, a moderna Sociologia do Conhecimento. Foi um pioneiro no campo científico e um marco entre o homem da Idade Média e o homem moderno. Ademais, Bacon foi um escritor notável. Seus Essays são os primeiros modelos da prosa inglesa moderna. Há muitos que acreditam que tenha sido ele o verdadeiro autor das peças de Shakespeare, teoria surgida há séculos, na chamada Questão da autoria de Shakespeare.

FRANCIS BACON E A BÍBLIA DO REI JAMES 1°
Bíblia do rei James (em português Jaime ou Tiago), também conhecida como Versão do rei James ou Bíblia KJV (em inglês: Authorized King James Version, Versão Autorizada do rei Jaime), é uma tradução inglesa da bíblia realizada em benefício da Igreja Anglicana, sob ordens do rei Jaime I. A primeira publicação data de 1611, causou um profundo impacto não apenas nas traduções inglesas posteriores, mas na literatura inglesa como um todo. As obras de autores famosos como John Bunyan, John Milton, Herman Melville, John Dryden e William Wordsworth estão repletas de aparentes inspirações nesta tradução da Bíblia. Versões como a New King James Version são revisões de seu texto. Importante não só na literatura inglesa, a Bíblia do rei James também causou profundo impacto social na Inglaterra do século XVII e inclusive a ela alguns historiadores relacionam papel importante nas próprias revoluções inglesas do século XVII. A combinação de uma versão da Bíblia em vernáculo, assim como os custos cada vez mais baixos de impressão fizeram com que a Bíblia do rei James fosse rapidamente distribuída e largamente lida por praticamente todas as camadas sociais inglesas.

Como resultado, a bíblia se torna o centro de todas as discussões e é utilizada largamente para embasar ideologias. Pode-se dizer que a Bíblia do rei James traz uma resignificação para a bíblia no período; até então livro o qual poucos obtinham acesso para leitura, sua tradução e barateamento de custo alto de produção, pois era manuscrita e a sua confecção não demorava menos de dois anos por unidade, então com a subseqüente distribuição em larga escala, causa um fenômeno novo dentro do cristianismo: a bíblia passa a ser lida pela população.

A Bíblia do Rei James de 1611 é ornamentada com símbolos de Bacon, estes símbolos são Rosacrucianamente marcados para chamar a atenção dos iniciados para eles e dizer-lhes que a Bíblia de 1611 é, sem possibilidade de dúvida, um dos livros de Bacon. Quando Bacon nasceu, o Inglês como língua literária não existia, mas até o ano de sua morte ele tinha conseguido fazer do idioma Inglês o veículo mais nobre do pensamento. Ele fez isso apenas por sua Bíblia e seu Shakespeare. A primeira edição da Bíblia do Rei James, foi editada por Francis Bacon e preparada sob a supervisão maçônica e tem mais marcas de pedreiro do que a Catedral de Estrasburgo (46).
Segundo A. E. Loosley Bacon editou a Versão Autorizada da Bíblia impressa em 1611. Dr. Lancelot Andrewes, bispo de Winchester, um dos principais tradutores, foi amigo íntimo de Bacon.. Que Bacon revisou os manuscritos antes da publicação é certo. Conforme o mesmo autor Bacon evidentemente conhecia a Bíblia muito bem, e todo o esquema da Versão Autorizada era dele. Ele era um fervoroso estudante, não só da Bíblia. Santo Agostinho, São Jerônimo, e escritores das obras teológicas, foram estudados por ele.

Ele deixou suas anotações em muitos exemplares da Bíblia e em dezenas de obras teológicas. A tradução deve ter sido um trabalho em que ele tomou o maior interesse, na verdade, é bem possível que ele inspirou. Ele seguiria o seu progresso de estágio por estágio, e quando a última etapa veio só havia um escritor do período capaz de transformar as frases com o estilo incomparável que é o grande charme, e isso é evidente, na Versão Autorizada e nas peças de Shakespeare.

###  FIM  ###


Roberto Aguilar M. S. Silva
M.’. M.’. – A.’.R.’.L.’.S.’. Loja Maçônica Renascença IV, Santo Ângelo, RS (Brasil)


NOTAS:

  1. Renânia (em alemão: Rheinland) é o nome genérico de uma região do oeste da Alemanha, nas duas margens do médio e baixo Reno, rio do qual tira seu nome.

  2. O puritanismo designa uma concepção da fé cristã desenvolvida na Inglaterra por uma comunidade de protestantes radicais depois da Reforma.

  3. A Sobrepeliz (do latim: superpelliceum) é uma veste litúrgica que faz parte das vestes corais. É usada por todos os clérigos, acólitos e seminaristas por cima da batina sobretudo quando assistem ao coro para o Ofício Divino, mas também para as outras celebrações litúrgicas, quando não tomem parte nelas como Celebrante ou Concelebrante ou como diácono ministrante ao altar. É uma espécie de Alva encurtada e com as mangas largas, sempre de cor branca e normalmente de Linho, algumas têm também rendas,bordados e um laço a guarnecer.

  4. O Jacobitismo foi um movimento político dos séculos XVII e XVIII na Grã-Bretanha e Irlanda que tinha por objectivo a restauração do reinado da casa dos Stuarts na Inglaterra e Escócia (e depois de 1707, ano em que a Escócia e a Inglaterra se uniram, o reino da Grã-Bretanha).

  5. Episcopado, também conhecido como Governo Episcopal, é uma das formas administrativas da Igreja.

  6. Presbiterianismo se refere as igrejas cristãs protestantes que aderem à tradição teológica reformada (calvinismo) e cuja forma de organização eclesiástica se caracteriza pelo governo de uma assembleia de presbíteros, ou anciãos. Há muitas entidades autônomas em países por todo o mundo que subscrevem igualmente o presbiterianismo. Para além de distinções traçadas entre fronteiras nacionais, os presbiterianos também se dividiram por razões doutrinais, em especial em seguida ao Iluminismo. A Igreja Presbiteriana é oriunda da Reforma Protestante do século XVI, e mantém o caráter de Igreja Católica (o termo “católico”, derivado da palavra grega: καθολικός (katholikos), significa “universal” ou “geral”), como declarado no Credo dos Apóstolos. É uma denominação cristã comprometida com valores éticos e morais. Sua atuação no contexto social brasileiro, por exemplo, é marcante, através de instituições de ensino desde o infantil até o superior, que têm alcançado excelência e reconhecimento internacional, como por exemplo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, Instituto Presbiteriano Gammon, entre outras.

  7. Porfirias são um grupo de distúrbios herdados ou adquiridos que envolvem certas enzimas participantes do processo de síntese do heme. Estes distúrbios se manifestam através de problemas na pele e/ou com complicações neurológicas. Existem diferentes tipos de porfirias, atualmente sendo classificadas de acordo com suas deficiências enzimáticas específicas no processo de síntese do heme. O termo porfiria deriva da palavra grega πορφύρα, porphýra, significando “pigmento roxo”. O nome também aparenta ser uma referência à coloração arroxeada dos fluidos corporais dos pacientes durante um ataque.

  8. A Igreja do Colegiado de São Pedro em Westminster mais conhecida como Abadia de Westminster (em inglês:Westminster Abbey) é uma grande igreja em estilo gótico na Cidade de Westminster, sendo considerada a igreja mais importante de Londres e, algumas vezes, de toda a Inglaterra. É famosa mundialmente por ser o local de coroação do Monarca do Reino Unido. Entre 1546 e 1556 obteve estatuto de Catedral e atualmente é uma Royal Peculiar.

  9. Na filosofia, empirismo é uma teoria do conhecimento que afirma que o conhecimento vem apenas ou principalmente, a partir da experiência sensorial. Um dos vários pontos de vista da epistemologia, o estudo do conhecimento humano, juntamente com o racionalismo, o idealismo e historicismo, o empirismo enfatiza o papel da experiência e da evidência, experiência sensorial, especialmente, na formação de ideias, sobre a noção de idéias inatas ou tradições; empiristas podem argumentar, porém, que as tradições (ou costumes) surgem devido às relações de experiências sensoriais anteriores. Empirismo na filosofia da ciência enfatiza a evidência, especialmente porque foi descoberta em experiências. É uma parte fundamental do método científico que todas as hipóteses e teorias devem ser testadas contra observações do mundo natural, em vez de descansar apenas em um raciocínio a priori, a intuição ou revelação. Filósofos associados com o empirismo incluem Aristóteles, Alhazen, Avicena, Ibn Tufail, Robert Grosseteste, Guilherme de Ockham, Francis Bacon, Thomas Hobbes, Robert Boyle, John Locke, George Berkeley, Hermann von Helmholtz, David Hume, Leopold von Ranke, e John Stuart Mill.

  10. Novum Organum é uma obra de cunho científico e filosófico publicada em 1620 por Francis Bacon, dois anos após tornar-se Lorde Chanceler e barão de Verulam e dois anos antes de publicar a História Natural.

  11. Rosa-cruz é uma confraria de iluminados existente na Alemanha a partir do século XVI e difundida pelos países vizinhos no século XVII, quando ficou publicamente conhecida através de três manifestos. Insere-se na tradição esotérica ocidental. Esta confraria hermética é vista por muitos rosacrucianistas antigos e modernos como um “Colégio de Invisíveis” nos mundos internos, formado por grandes adeptos, com o intuito de prestar auxílio à evolução espiritual da humanidade.

  12. Fama Fraternitatis Rosae Crucis (Fama fraternitatis Roseae Crucis oder Die Bruderschaft des Ordens der Rosenkreuzer), ou simplesmente Fama Fraternitatis, é um manifesto rosacruciano publicado em 1614 na cidade alemã de Kassel.

  13. Confessio Fraternitatis (Confessio oder Bekenntnis der Societät und Bruderschaft Rosenkreuz) é um manifesto rosacruciano publicado em 1615 na cidade alemã de Kassel.

  14. Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz (Chymische Hochzeit Christiani Rosencreutz anno 1459), ou simplesmente Núpcias Alquímicas (ou Químicas) de Christian Rozenkreuz, é um manifesto rosacruciano publicado em 1616 na cidade alemã de Estrasburgo (anexada à França em 1681).

  15. Um silogismo (do grego antigo σσλλογισμός, “conexão de idéias”, “raciocínio”; composto pelos termos σύν “com” e λογισμός “cálculo”) é um termo filosófico com o qual Aristóteles designou a argumentação lógica perfeita e que mais tarde veio a ser chamada de silogismo, constituída de três proposições declarativas que se conectam de tal modo que a partir das duas primeiras, chamadas premissas, é possível deduzir uma conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por Aristóteles em Analíticos anteriores.

  16. Na lógica, um raciocínio indutivo é um tipo de raciocínio ou argumento que partindo de premissas particulares obtém uma conclusão universal. Alternativamente, pode ser definido como um argumento no qual a conclusão tem uma abrangência maior que as premissas. A lógica diferencia duas classes fundamentais de argumentos: os dedutivos e os indutivos. Os argumentos dedutivos são aqueles que as premissas fornecem um fundamento definitivo da conclusão, enquanto nos indutivos as premissas proporcionam somente alguma fundamentação da conclusão, mas não uma fundamentação conclusiva1 , identificando dessa maneira os conceitos de dedução e raciocínio válido. Uma outra maneira de expressar essa diferença é dizer que numa dedução é impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa, mas no raciocínio indutivo no sentido forte isso é possível, mas pouco provável2 . Num raciocínio dedutivo a informação da conclusão já está contida nas premissas, de modo que se toda a informação das premissas é verdadeira, a informação da conclusão também deverá ser verdadeira. No raciocínio indutivo a conclusão contém alguma informação que não está contida nas premissas, ficando em aberto a possibilidade de que essa informação a mais cause a falsidade da conclusão apesar das premissas verdadeiras. Raciocinar indutivamente é partir de premissas particulares, na busca de uma lei geral, universal.

  17. http://archive.org/details/elementsofcommon00baco

  18. http://archive.org/details/casesoftreason00baco

  19. http://archive.org/details/learnedreadingof00baco

  20. Essais (Ensaios, na língua portuguesa) é o título da principal obra de Michel de Montaigne, publicada pela primeira vez em 1580, e que foi pioneira no gênero literário chamado “ensaio”.

  21. Michel Eyquem de Montaigne (Saint-Michel-de-Montaigne, 28 de fevereiro de 1533 — Saint-Michel-de-Montaigne, 13 de setembro de 1592) foi um político, filosofo, escritor e cético francês, considerado como o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras e, mais especificamente nos seus “Ensaios”, analisou as instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objeto.

  22. http://archive.org/details/baconsessaysand00wriggoog

  23. http://books.google.com.br/books?id=7v2qcxE5XewC&oe=UTF-8&redir_esc=y

  24. http://revistasofosunirio.files.wordpress.com/2012/03/historia-da-filosofia-emile-brehier-2.pdf

  25. A Catedral de Estrasburgo ou Catedral de Nossa Senhora de Estrasburgo (em francês Cathédrale Notre-Dame-de-Strasbourg; em alemão Liebfrauenmünster zu Straßburg) é uma catedral católica romana em Estrasburgo, França. A construção foi terminada em 1439, tornando-se o mais alto edifício do mundo entre 1625 a 1874, e permaneceu como a maior igreja do mundo até 1880, quando foi ultrapassada pela Catedral de Colônia, na Alemanha. Hoje é a quarta maior igreja do mundo. Durante a década de 1520, a cidade abraçou as teses religiosas de Martinho Lutero, cujos adeptos estabeleceram uma universidade no século seguinte. Ulrich Ensingen foi um de seus arquitetos.


BIBLIOGRAFIA: