Trolha, do Latim Trullia, variante de Trulla: colher pequena, conhecida como colher de pedreiro, instrumento de trabalho de formato triangular, essencialmente construtivo, com empunhadura pelo centro = coração = centro do Templo Divino; utilizada sua parte superior como condutora da argamassa ou alimento que estrutura, forma e sustenta o templo material e espiritual = o pão nosso de cada dia: “Este é aquele pão que vem do Céu; não da forma como seus pais que comeram maná e estão mortos. Aquele que comer deste pão viverá para sempre.”- São João VI:58.
A argamassa simboliza o amor fraterno, compreensão, tolerância, vontade, dedicação, perseverança, conhecimento e perdão que unem e harmonizam todas as pedras, tijolos ou maçons, mantendo a individualidade ou consciência de cada um exatamente como foram concebidos, ou melhor, arquitetados, visto que a trolha é jóia do cargo de arquiteto = encarregado da montagem do templo.
A parte inferior da trolha, uma vez aplicada a argamassa, é utilizada para aplainar, desempolar e alisar, corrigindo imperfeições e formando um só todo harmônico, justo e perfeito. É símbolo do perdão: “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”- Mateus VI:12. “Não julgueis, para que não sejais julgados”- Mateus VII. “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” Mateus VII:12. Nestas declarações observamos um reconhecimento da Lei do Karma, ou seja, Lei da Causa e do Efeito, pois que “A semeadura é livre, porém a colheita é obrigatória”.
Errar é humano, divino é consertar o erro. Corrigir as ofensas, mas perdoar os ofensores, como os médicos que tratam a doença sem se zangarem com o doente. Não é que perdoar seja Divino, pois Este não é atingido, porém corrigir é verdadeiramente Divino, e aqui entendemos a aplicação das partes laterais da trolha. Muito mais nobre e Divino que perdoar é recuperar o pecador ou infrator. Tratando os males dos outros = próximos, curamos os nossos próprios, como o famoso enunciado de Hipócrates “Similia Similibus Curentur”.
Passar a trolha é esquecer as ofensas, as injúrias e as injustiças ou mais do que isso, aplainar as diferenças com a argamassa Divina. Utilizamos a ponta da trolha para esculpir, modelar ou detalhar a construção do templo, “Há coisas que ainda não são verdadeiras, que, talvez, não tenham o direito de ser verdadeiras, mas que o poderão ser amanhã”- Carl G. Jung.
Portanto, ou vivemos como Companheiros, ou como Companheiros morreremos; a morte do velho homem propicia o nascimento do regenerado Homem Novo, que se torna digno de contemplar o sol resplandecente da verdade, voltar e adentrar ao “Oriente”, pois juntos permaneceremos nesta nossa escalada evolutiva rumo à perfeição ou ao aperfeiçoamento de nosso Templo Divino e, já que fomos concebidos e criados pelo G∴A∴D∴U∴ à sua imagem e semelhança, estamos permanentemente em movimento, eis que somos eternos e vivos, mantemo-nos atraídos pelo nosso centro real de calor e luz, o Santo dos Santos = nosso Coração, morada do amor, fonte da vida e da sabedoria.
O Rito Moderno ou Francês utiliza a trolha na quinta viagem da elevação.
Observamos por todos os lugares no Oriente, berço das diferentes religiões, que, com símbolos e alegorias diferentes, reproduzem a mesma idéia, ou seja : “Um deus, um ente supremo ou homem extraordinário é morto para depois recomeçar uma vida gloriosa; permanece a memória de um grande acontecimento trágico, um crime ou transgressão que submete o povo na tristeza e lamentação, a que logo sucedem regozijos entusiasmados”- Pierson.
Interpretamos que montanhas, morros, picos, ou seja, as partes mais altas e perfeitas da natureza simbolizam estados alterados da consciência, provocando a elevação da consciência e a sua iluminação plena, pois que suposto é a aproximação com o Divino. No presente caso, temos que a trolha é símbolo da atividade constante de todo Maçom na aplicação dos preceitos Divinos de todas as religiões, expressos nos Livros das Leis, sobretudo na Bíblia Sagrada o Pentateuco do Velho Testamento (“Não fazer ao próximo o que não quiseres que a ti seja feito”) e o Sermão da Montanha do Novo Testamento (“Amar o próximo como a ti mesmo”).
A trolha é de uso obrigatório nas Sessões de Conselho de Família, ou Tribunal de Conciliação, onde e sobretudo a empunhadura e todo o simbolismo supra especificado é amplamente utilizada em todas as suas diferentes partes, formando um todo que é um tudo onde explicitamente o homem Maçom manifesta sua imagem e semelhança com o seu Criador, O G∴A∴D∴U∴.
A crítica faz inimizades que podem perdurar séculos, mas o amor fraternal faz Companheiros sinceros para a eternidade. Quem censura os Companheiros em canteiros, não encontrou o Mestre no coração para mostrar-lhe o Oriente resplandecente de Luz.
Obs.: Não se deve confundir os termos trolhar com telhar ou trolhamento com telhamento, pois que esta é a denominação aos exames de Toques, Sinais e Palavras que referem-se à cobertura ou proteção do templo, e cobertura é feita com telhas, que formam o telhado, e jamais com trolhas.
Bibliografia:
Dicionário de Maçonaria – Joaquim Gervásio de Figueiredo
A Simbólica Maçônica – Jules Boucher
Antiga Maçonaria Mística Oriental – Dr. R. Swinburne Clymer
Grau do Companheiro e Seus Mistérios – Jorge Adoum
Bíblia Sagrada – Traduzida em português por João Ferreira de Almeida
Antonio Luiz Morais, M.’. M.’.
ARLS Theobaldo Varoli Filho, n° 2699, G.’.O.’.S.’.P.’. – Brasil.