ATRIBUTOS DA MATÉRIA E AS LEIS DO PROGRESSO

1. Introdução

A Filosofia Esotérica afirma que a essência do ser humano é a mônada, comparada a uma “chispa divina” que se “desprende” do Todo e se lança no mundo da matéria em busca de experiências. A mônada, também chamada de “centelha divina”, se desprende do Todo, mas misteriosamente permanece una com Ele, conservando a sua natureza original. Do mesmo modo, todos os seres que têm existência no universo, apesar de existirem como seres, mantêm em si esta essência e dela recebem os germes dos atributos divinos.

Costuma-se dizer que Deus queria se conhecer e fez para Si um espelho, para poder se ver melhor. Esse espelho é o universo manifestado, com suas formas animadas e outras aparentemente inanimadas, e, através dessas, a Vida Divina se manifesta e evolui. As múltiplas formas de vida individualizadas são, portanto, reflexos da Vida Divina, que é oniabarcante, isto é, todas elas, mesmo que pareçam isoladas umas das outras, permanecem unas, entre si e com a própria Fonte primordial.

A construção do universo visível, comparado a um espelho, não é feita ao acaso, mas sim, através de um plano, chamado Plano de Evolução, que atinge o universo em sua totalidade e, do qual, todos nós participamos. A matéria que o constitui é organizada em níveis diferentes de densidade e a vida deverá, gradativamente, passar por experiências em todos eles. Estes níveis vão, do físico mais denso, aos mais altos níveis espirituais, passando a vida por experiências e ocupando formas diferentes, que passam pelos reinos: mineral, vegetal, animal e depois do humano.


2. Os Atributos da Matéria


2.1. A Verdade

Quando empregamos a palavra verdade queremos significar um conhecimento do universo, em todas as suas manifestações, visíveis e invisíveis. A verdade não é fruto dos investigadores, mas existe porque o universo existe. Quando falamos na verdade, estamos nos referindo a nós, pois o homem é uma parte infinitesimal do Todo, da chama da qual somos uma centelha. A construção do universo é obra de um divino construtor e cada fase da construção da matéria é dirigida por ele. Os átomos se reúnem ou se afastam, somente porque ele assim o quer.

Segundo ‘O Caibalion’: “Nada está parado; tudo se move; tudo vibra.” Este princípio encerra a verdade que tudo está em movimento, tudo vibra, nada está parado; fato que a ciência moderna observa, e que cada nova descoberta científica tende a confirmar. Explica que as diferenças entre as diversas manifestações de matéria, energia, mente e espírito, resultam das ordens variáveis de Vibração. Desde o Todo, que é puro espírito, até a forma mais grosseira da matéria, tudo está em vibração; quanto mais elevada for a vibração, tanto mais elevada será a posição na escala. A vibração do espírito é de intensidade e velocidade infinitas, como uma roda que se move muito rapidamente parece estar parada. Na extremidade inferior da escala estão as grosseiras formas da matéria, cujas vibrações são tão vagarosas que parecem estar paradas.

2.2. A Energia Vital
Toda a matéria é animada pela Energia Vital, que é de natureza espiritual. Esta Energia desconhecida dá poder aos alimentos para nutrir, ao sangue para circular, às células para trabalhar nos órgãos, cujo funcionamento determina e do qual resulta a vida corporal. Esta Energia Vital nos vem do Sol, com a luz, o calor, a eletricidade, o magnetismo, etc. Por isso os antigos faziam do Sol o maior símbolo da Divindade.

Recebemos a Energia Vital, para o corpo físico pelos alimentos e para o corpo da alma pelo ar. Logo, a Energia Vital está no ar e não é o ar, está nos alimentos e não é alimento. E para isso é indispensável que o ar esteja impregnado da Energia Vital, trazida pelos raios solares.

2.3. Ação sobre a Matéria
A atração é o meio pelo qual dois seres correlativos e paralelos se combinam para produzir um resultado pela sua ação comum, atuando um sobre o outro. No momento em que o resultado se produziu, a atração deixa de existir, havendo então a repulsão e sempre iguais entre si.

Assim acontece entre o Espírito e a Matéria, resultando numa comunicação e manifestação de movimentos entre si. Agindo o Espírito sobre a Matéria, os átomos caloríficos se comunicam e combinam com os átomos sólidos. Como os átomos caloríficos são mais aptos ao movimento, eles são atraídos pelos átomos sólidos e com eles se combinam e os acendem, formando um corpo intermediário entre o calor e o sólido que se chama gás.

2.4. A Transformação da Matéria
A ciência estudou o átomo segundo seus efeitos, definindo que todos os elementos da matéria no Universo se compõem de átomos, “Tudo é Uno”. As matérias se diferenciam entre si pela vibração ou emanação do núcleo central.

O átomo se compõe de esferas com cargas elétricas positivas e negativas. Estas esferas estão agarradas entre si por uma energia, cuja capacidade chega a oito milhões de volts. O mistério consiste em que a força que liga os componentes do átomo não é a gravidade, nem o magnetismo, e continua indecifrável, além da imaginação do homem.

As esferas são em número diferente em cada átomo de um elemento; este é o segredo da diferenciação entre os elementos naturais, que se deve às vibrações da energia em cada átomo. O calor que escapa de muitas esferas, que se formam em torno de uma primeira, nascendo uma esfera central mais perfeita.

Também de um grupo de satélites nasce um planeta, de um grupo de planetas nasce um sol, de um grupo de sóis nasce uma via láctea e assim até o infinito, formando o universo.

2.5. A Vida no Universo
Os estudos teosóficos nos revelam que a vida no universo é fantástica. A palavra Vida se reveste de uma significação profunda e fértil em conseqüências. Compõe-se de sete reinos em evolução, do elemental ao humano. Os reinos dividem-se em: 1º a essência elemental, a matéria mental superior; 2º a essência elemental, a matéria mental inferior; 3º essência elemental, a matéria astral; 4º vida mineral; 5º a vida vegetal; 6º a vida animal e 7º a vida humana.

O período de existência da vida humana é composto de sete raças e cada uma de sete sub-raças, perfazendo um período mundial. Quando o trabalho desse período estiver concluído, a vaga de vida deixará o planeta Terra, para sua evolução em outro planeta do sistema solar. Uma vaga de vida habitará sete planetas, sendo três físicos e visíveis ao ser humano, na seqüência Marte, Terra e Mercúrio, e outros quatro invisíveis, sendo dois de matéria astral e dois de matéria mental, inferior e superior.

Sete períodos mundiais correspondem a um ronda de vida; sete rondas a uma cadeia de vida; sete cadeias a um sistema de evolução; e, finalmente, sete sistemas de evolução a um sistema solar.

3. As Leis do Progresso

A sociedade poderia reger-se unicamente pelas leis naturais, sem o concurso das leis humanas, se todos as compreendessem bem. Se os homens as quisessem praticar, elas bastariam. Mas, no decorrer do tempo, a sociedade impôs suas exigências, sendo necessárias leis especiais. A civilização criou necessidades novas para o homem, necessidades relativas à posição social que ele ocupa. Tem-se então que regular, por meio de leis humanas, os direitos e deveres dessa posição.

Mas, influenciado pelas suas paixões, ele não raro tem criado direitos e deveres imaginários, que a lei natural condena e que os povos riscam de seus códigos à medida que progridem. A lei natural é imutável e a mesma para todos; enquanto que a lei humana é variável e progressiva.

A principal causa da instabilidade das leis humanas acontece na época de barbárie, quando os mais fortes fizeram as leis e as fizeram para si. Neste sentido, se destaca a Idade Média, com seu sistema feudal, com o domínio do império romano e com a “Santa Inquisição” imposta pela Igreja Católica, que de santa não teve nada.

Ao progresso moral o maior obstáculo é o orgulho, o egoísmo, desenvolvendo a ambição e o vício. Uma sociedade depravada certamente precisa de leis severas. Infelizmente, essas leis mais se destinam a punir o mal depois de feito, do que a lhe secar a fonte. Só a educação poderá reformar os homens, que então não precisarão mais de leis tão rigorosas.

O homem não pode conservar-se indefinidamente na ignorância, porque tem de evoluir ao seu destino. A evolução regular e lenta ocorre naturalmente pela força das coisas e pela influência das pessoas que o guiam na senda do progresso moral. À medida que o homem compreende melhor a justiça, torna-se indispensável modificar as leis humanas. E quanto mais elas se aproximam da verdadeira justiça, mais estáveis serão; vão sendo feitas para todos e se identificam com a lei natural.

Bibliografia:
O Caibalion – Estudo da filosofia hermética do antigo Egito e da Grécia”, Os Três Iniciados.
Fundamentos da Teosofia”, C. Jinarajadasa
Doutrina Secreta – Volume I – Cosmogênese”, H. P. Blavatsky
Apontamentos em Grupo de Estudos ‘Âtmâ-Vidyâ’ na Sociedade Teosófica – Brasília

PEDRO JUCHEM
M.’.M.’., Loja Venâncio Aires II, nº 2369 – G.’.O.’.B.’. / RS, Brasil