Crenças e Prácticas

NOTA INTRODUTÓRIA:
Os textos que seguem são uma compilação de excertos de vários autores, devidamente assinalados. Os originais de todos eles são em lingua inglesa, tendo eu tentado efectuar uma tradução tão fiel ao original, quanto possível, embora, evidentemente, em certas passagens fosse imperativa a adaptação ao nosso português. Sem dúvida, no global, possuem grande riqueza, tornando-se quase uma leitura obrigatória. –Luis Figueiredo


O SIMBOLISMO DA LOJA
“Ainda que esta regra não seja já rigorosamente aplicada, a Maçonaria requere que os candidatos a maçom possuam mente sã e sejam fisicamente aptos; é suposto que qualquer deficiência seja suficiente para impossibilitar a admissão.” Esta regra é similar a um dos requisitos essenciais para admissão àYahad, ou “Grupo da União”, como descrito em várias das Escrituras do Mar Morto.
Cristopher Knight & Robert Lomas, The Hiram Key: Pharaohs, Freemasons and the Discovery of the Secret Scrolls of Jesus

À medida que o candidato passa pelos rituais aprende que na construção do Templo do Rei Salomão, em Jerusalém, os pedreiros especializados eram divididos em dois grupos: Aprendizes e Companheiros; que estes eram presididos por três Grão-Mestres ( o Rei Salomão, Hiram, rei de Tyre, e Hiram Abiff ) que partilhavam segredos apenas por ele conhecidos; que estes segredos se perderam com o assssinato de Hiram Abiff – em resultado da sua recusa em os divulgar – e que determinados segredos foram adoptados em sua substituição ‘até que o tempo ou circunstância restituísse os originais’ (daqui vem a referência à Palavra Perdida – Loumac ). A importância deste conhecimento justifica-se pelo facto de comprovar a existência da Maçonaria no tempo de Salomão, mantendo-se um sistema inalterado desde então. O ritual, contudo, como o candidato em breve comprovará, não representa a verdade literal ou histórica, mas é, na verdade, uma alegoria dramatizada, pela qual são transmitidos os princípios e costumes do Ofício.
John Hamill, The Craft, A History of English Freemasonry

Ainda que existam verdadeiros pedreiros que são maçons, a Maçonaria não ensina a arte de trabalhar a pedra. No seu lugar, utiliza o método ‘operativo’ dos maçons medievais como alegoria de desenvolvimento moral. Ainda assim, alguns dos simbolos maçónicos mais não são que as comuns ferramentas dos maçons medievais: o esquadro, o compasso, o malhete, etc., tendo cada um deste um significado simbólico na Maçonaria. A título de exemplo, é dito que os maçons se devem encontrar no nível, significando que todos os maçons são Irmãos, independentemente da sua posição social, riqueza ou ofício, tanto na Loja, como no mundo em geral. Para outras ferramentas existe também um significado semelhante.
Andrew Fabbro, Freemasonry FAQ – version 1.2

O objectivo da Maçonaria é preparar o ser humano de forma a que este reconstrua, através da mudança e mortalidade que possui agora, um corpo fisicamente perfeito e também imortal. O plano é a construção deste corpo imortal, chamado pelos maçons modernos de Templo do Rei Salomão, a partir de material do corpo físico, chamado de ruínas do Templo do Rei Salomão.
Harold W. Percival, Masonry and Its Symbols in the Light of “Thinking and Destiny”

E, UMA VEZ QUE O PECADO DESTRUIU EM NÓS O PRIMEIRO TEMPLO DE PUREZA E INOCÊNCIA, POSSA A GRAÇA DIVINA GUIAR-NOS E ASSISTIR-NOS NA CONSTRUÇÃO DE UM SEGUNDO TEMPLO DE REFORMA, EM QUE A SUA GLÓRIA SEJA MAIOR QUE A DO SEU ANTECESSOR
Oração maçónica

Uma Loja possui uma sala com a forma de um quadrado oblongo, que é metade de um quadrado perfeito, e encontra-se na metade inferior de um círculo. Cada Loja reune nessas mesmas salas,mobiladas de forma semelhante,mas a Loja que trabalha o Grau de Aprendiz é chamada de Pátio exterior, a que trabalha o Grau de Companheiro é o Lugar Santo e a que trabalha o Grau de Mestre é o Sanctum Sanctorum (Santo dos Santos), todas no Templo do Rei Salomão.
Harold W. Percival, Masonry and Its Symbols in the Light of “Thinking and Destiny”

Perg.:: Onde foste feito maçon?
Resp.:No corpo de uma Loja, justa, perfeita e regular.
Perg.: E quando?
Resp.:Quando o Sol se encontrava no seu meridiano.
Perg.: Como neste país as Lojas Maçónicas são geralmente operadas e os candidatos iniciados à noite, como justificas esse aparente paradoxo?
Resp.: Sendo o Sol um corpo fixo e a Terra tendo uma rotação constante sobre o seu eixo, e sendo a Maçonaria uma ciência universal, difundida por todo o globo, o Sol está, forçosamente, sempre no seu meridiano no que à Maçonaria diz respeito.”
Ritual maçónico


PORQUÊ USAR RITUAIS?
Em essência, existem duas razões. Em primeiro lugar, ao serem utilizadas cerimónias formalizadas, todos entram na Maçonaria numa mesma base de igualdade e partilham uma mesma experiência (que será diferente da vivência, essa sim, individual e única – Loumac), seja qual fôr a sua posição fora do Ofício. Em segundo lugar, porque continuando a utilização de cerimónias onde é incluída uma carga dramática, alegórica e simbólica, os princípios da Maçonaria podem mais facilmente deixar uma marca indelével no espírito do candidato.


UM POUCO DE HISTÓRIA DO R:.E:.A:.A:.

A origem do ritual, como da própria Maçonaria, não foi ainda descoberta. Para além do facto de sabermos da existência de uma Palavra maçónica, não temos qualquer indicação no sentido de existir um ritual nas lojas operativas escocesas. A prova mais antiga provem de duas fontes distintas: um conjunto de mais de cem versões de um documento agora conhecido como Old Charges e o livro História Natural de Staffordshire do Dr. Robert Plot.

Apesar das versões de Old Charges difirirem no detalhe, obedecem, porém, a um padrão; é, seguramente, uma história lendária do Ofício maçónico, seguida de um conjunto de regras ou normas (as Charges) pelas quais eles se deveriam reger quer no Ofício, quer na sua vida pessoal. Era assumido, sobre a Bíblia, o dever de preservar os mistérios do Ofício; a Palavra e os sinais eram transmitidos; as regras eram lidas, indicando ao novo maçom quais os seus deveres perante Deus, o seu Mestre e os seus Companheiros e era lida a história lendária. O Dr. Plot acrescenta a isto dois detalhes que são a utilização de aventais e a entrega ao novo maçom de dois pares de luvas brancas: um para si próprio e outro para a sua esposa.

É só em 1690 que obtemos uma prova concreta do conteúdo ritualístico através do manuscrito da Casa de Registo de Edimburgo: um conjunto de perguntas e respostas descrevendo uma cerimónia simples e os sinais. De 1690 a 1729 sobreviveram até nós uma série de manuscritos impressos com perguntas e respostas, uns mais, outros menos completos. Estes demonstram um sistema simples de dois Graus (Aprendiz e Companheiro), a tomada de um juramento sobre a Bíblia, a transmissão de palavras e sinais e também um simbolismo muito simples, baseado nas ferramentas de Pedreiro.

A referência mais antiga a um terceiro Grau, até agora, vem de 1725, embora só em 1730 tenhamos conhecimento do seu conteúdo; é nesse ano publicada por Samuel Prichard a obra A Maçonaria Dissecada. Nesta, é mostrado um sistema de três Graus (Aprendiz, Companheiro e Mestre), cada um com o seu sinal e palavra, mas existindo uma obrigação apenas no primeiro Grau. De 1770 em diante, assiste-se a um alargamento do número de perguntas e respostas, nas quais é explicada a cerimónia e o propósito de cada Grau; isto incluía ferramentas simbólicas adicionais que ilustravam a virtuosidade esperada dos Maçons (ou Pedreiros Livres – Loumac) e explicações simbólicas do mobiliário da Loja, assim como dos ornamentos usados pelos membros.

Com a fusão das duas grandes lojas britânicas, em 1813, resultou a Grande Loja Inglesa; esta criou a Loja da Reconciliação, com o objectivo de elaborar um ritual uniforme a ser utilizado por todas as lojas. Este processo levou dois anos de deliberações até que em 1816 a Grande Loja reconheceu as recomendações da Loja da Reconciliação, ordenando a sua adopção por todas as lojas. Face à recusa da Grande Loja em consentir a impressão do novo ritual, este foi sendo passado oralmente, pelo que o objectivo de uniformização nunca foi verdadeiramente atingido, como é de conhecimento geral.

O Rito Escocês é um dos dois ramos da Maçonaria nos quais um maçom pode progredir após chegar Mestre ( o outro será o Rito de York), desde o 4º até ao 33º Grau. Os ensinamentos morais e filosofia do Rito Escocês são baseados nos princípios encontrados na Loja Azul ou na Maçonaria simbólica. A utilização da palavra «Escocês» levou (e leva) muitos maçons pelo mundo fora a pensar que este rito teve origem na Escócia, o que não é verdade. Os historiadores procuram ainda a resposta para este facto. Na verdade, é em França que encontramos as primeiras referências a este termo, através da palavra «Ecossais».

Quando, no final do séc. XVII, as ilhas britânicas foram atingidas por um surto de tifo, muitos escoceses fugiram para França, onde cultivaram os seus interesses maçónicos; pensa-se estar aí a origem do termo Escocês. Os primeiros registos deste termo remontam a meados do séc. XVIII, indiciando o inicio do Rito em Bordéus; daí terá sido levado para colónias francesas na Índias Ocidentais e posteriormente para os Estados Unidos.