O GRAU DE COMPANHEIRO NO RITO BRASILEIRO

O sistema de aprendizado na Ordem Maçônica permite acesso a conhecimentos únicos, que ajudam no autoaperfeiçoamento. Com dedicação, se pode evoluir continuamente, assimilando os ensinamentos e os transformando em prática.

Desde a sua iniciação, o maçom, baseado em seus esforços e diligência nos estudos, e passando pelo crivo dos Mestres da Loja em reunião específica, recebe a compensação através de sua elevação ao grau imediatamente superior ao seu. Assim muito me apraz deixar alguns comentários para a apreciação e o deleite de todos, no sentido de prestigiar de forma agradável e perene o que trata o Rito Brasileiro em seu âmago.

Conforme narra o Sereníssimo irmão ROBSON GOUVEIA da Magna Reitoria do Supremo Conclave do Brasil, o RITO BRASILEIRO é um Rito Regular, Legal e Legítimo, acatando os Landmarques e demais princípios tradicionais da Maçonaria, os Usos e Costumes antigos; proclama a glória do Deus Criador e a fraternidade dos homens; estabelece a  presença nas Sessões das Três Grandes Luzes: o Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso; e emprega os símbolos da construção universal, podendo assim ser praticado em qualquer País. Sua base é a Maçonaria Simbólica universal de São João (graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre). Sobre ela se eleva a Hierarquia de 30 Altos Graus (do grau 4 ao 33). Especializa‐se no cultivo da Filosofia, Liturgia, Simbologia, História e Legislação maçônicas e estuda todos os grandes problemas nacionais e universais com implicações ou consequências no futuro da Pátria e da Humanidade.

Realiza a indispensável cultura doutrinário‐maçônica e também a cultura político‐social dos Obreiros. Impõe a prática do Civismo em cada Pátria, porque a Maçonaria é supranacional, mas não pode ser desnacionalizante. O Rito Brasileiro conviverá fraternalmente com todos os Ritos Regulares, através da intervisitação e da interfiliação. O Rito exige dos Obreiros a Vida Reta e o Espírito Fraterno e suas legendas são: ‐ URBI ET ORBI (para a Cidade e para o Mundo) e HOMO HOMINI FRATER (O Homem é um Irmão para o Homem).

Muito bem disse o Venerável irmão Valdemar Sansão, quando explica que os três primeiros graus da Maçonaria Especulativa, do ponto de vista esotérico significam os três estágios do pensamento humano, que são: intuição, análise e síntese. Eles se aplicam ao Aprendiz que luta, ao Companheiro que trabalha e ao Mestre que cria. O Aprendiz com sua arma que é a intuição, ajudado pelo Companheiro, trabalha dissecando tudo o que observa, também ajudado pelo Mestre, e este, “ajunta tudo o que está disperso” realizando assim a síntese necessária desejada.

O Aprendiz tem como meta a disciplina; o Companheiro, a perseverança; e o Mestre a união. O que é para o Aprendiz um fim, para o Companheiro é apenas o começo. As três viagens do Aprendiz indicam claramente o sentido da fatalidade desse ciclo, ou seja, a luta que o Aprendiz trava para vencer as imperfeições da personalidade profana.

Da mesma forma, as 5 viagens do Companheiro e as numerosas ferramentas posta à sua disposição na elevação (sendo que cada uma dessas ferramentas está destinada a aperfeiçoar uma após outra as muitas facetas do seu método de trabalho) demonstram, mercê dessa variação e de modo flagrante que o período mais duro, mais penoso de sua vida maçônica, mais laborioso, como também mais fecundo, é o lote daquele que sabe realizar integralmente a sua Obra Prima.

Costuma-se dizer que o Grau de Companheiro é o mais genuíno de todos os graus maçônicos, por ser uma síntese histórica e doutrinária na qual se basearam todas as fases de ascensão do obreiro ao mais alto grau de qualquer rito. Não é um grau intermediário.

O grau de Companheiro se definiu anos depois da fundação da Grande Loja de Londres e o Grau de Mestre muito tempo após ter sido instituído o Grau de Companheiro. Historicamente, o Grau de Companheiro correspondia no início da Maçonaria Especulativa ao Grau 3, o qual foi posteriormente criado. Temos ainda que mencionar que o Grau de Companheiro, o qual já sabemos ser inteiramente dedicado ao trabalho, é exatamente aquele que nos ensina o sentido ou o segredo do método. Sem o método no trabalho, não conseguiremos nada.

O caminho do Companheiro é sinuoso e difícil. O Companheiro passa das asperezas terrenas para as belezas astrais, isto é, para o transcendental (Cosmo, Universo). Diz-se também que o Grau de Companheiro também é dedicado à direção da mocidade, a felicidade possível, por meio do trabalho, da virtude, e das ciências que lhe são recomendadas.

Um dos principais objetivos do Companheiro é saber semear a dúvida em sua mente, não admitindo senão que possa ser provado e satisfaça sua razão. O Companheiro deve deixar-se guiar pelo Valor, pela Energia e pela Inteligência, as três forças que poderão salvá-lo da ignorância, do Fanatismo e da Superstição fazendo-lhe abandonar o ilusório pela realidade. Deve os maçons atuais compreender, definitivamente, que a Sublime Instituição não é somente o reino da tolerância, pois é acima de tudo uma ordem a serviço da Verdade em Movimento.

Assim, meus queridos irmãos, debrucemo-nos aos estudos de forma pertinaz, no sentido de que profícua seja a nossa interpretação e possamos galgar os graus almejados de forma justa e perfeita.

Cleber Tomás Vianna,
M.’.I.’., A.’.R.’.L.’.S.’. Cavaleiros do Delta, 4544 – Piauí/Brasil.