As mulheres e a Resistência ao Nazismo
As mulheres tiveram papel importante em várias atividades da resistência ao nazismo. Este foi o caso das mulheres que, previamente à guerra, eram membros de movimentos juvenis socialistas, comunistas ou sionistas. Na Polônia, as mulheres serviam como mensageiras que levavam informações para os guetos. Muitas mulheres conseguiram escapar escondendo-se nas florestas no leste da Polônia e da União Soviética, e servindo nas unidades armadas dos partisans. Na resistência francesa, da qual muitas judias participaram, a atuação das mulheres não foi menos importante. Sophie Scholl, uma estudante alemã da universidade de Munique, e membro do grupo de resistência White Rose, foi presa e executada em fevereiro de 1943 por divulgar propaganda antinazista.
Algumas mulheres lideraram ou integraram organizações de resistência dentro dos guetos. Entre elas estava Haika Grosman, de Bialystok. Outras se engajaram na resistência dentro dos próprios campos de concentração, como em Auschwitz I, onde cinco judias que haviam sido colocadas para trabalhar na separação de munição na fábrica “Vistula-Union-Metal”–Ala Gertner, Regina Safirsztajn (também conhecida como Safir), Ester Wajcblum, Roza Robota, e uma mulher não identificada, possivelmente Fejga Segal—forneceram a pólvora que foi usada para explodir uma câmara de gás e matar vários homens das SS durante um levante de membros do Sonderkommando (Grupo Especial) judeu naquele campo, em de outubro de 1944.
Outras mulheres participaram ativamente das operações de resgate e socorro aos judeus na parte da Europa ocupada pelos alemães. Entre elas estavam as judias Hannah Szenes, pára-quedista, e a ativista sionista, Gisi Fleischmann: Szenes, que vivia na área do Mandato Britânico na Palestina, saltou de páraquedas na Hungria, em 1944, para ajudar os judeus, mas terminou sendo barbaramente torturada pelos alemães; e Fleischmann era a líder do grupo ativista Pracovna Skupina, Grupo de Trabalho, que operava dentro do Conselho Judaico de Bratislava, e que tentou deter a deportação de judeus da Eslováquia.
Milhões de mulheres foram perseguidas e assassinadas durante o Holocausto. No entanto, para todos os efeitos, foi o enquadramento na hierarquia racista do nazismo ou a postura religiosa ou política dessas mulheres que as tornaram alvos, e não o seu sexo.
A Maçonaria Feminina e a Resistencia Francesa
A União Maçónica Feminina de França é formada em 1935 e é originada pelas Lojas de Adoção (1): Loja Jerusalém de Adoção (criada pela R∴L∴ Nova Jerusalem então saída da Grande Loja Simbolica Escocesa, uma dissidência da Grande Loja Nacional de França que entra depois na Grande Loja de França); Libre Examen, Babeuf e Condorcet em Saint-Quentin; Olivier Écossais no Havre; e Union et Bienfaisance, General Peigné, Minerve, Philosophie Sociale, Thébah (em 1935) em Paris (estas criadas pela Grande Loja de França). No todo estas contavam com trezentas Irmãs em 1935.
Esta criação deve-se à decisão tomada pela Grande Loja de França no seu Convento em 1935 de dar às Lojas de Adoção Femininas a “mais completa autonomia”, esta decisão referia que, “o Convento confia nas Irmãs para que estas tomem o seu nobre e orgulhoso lugar na maçonaria feminina ao lado da maçonaria masculina em plena igualdade”, esta decisão deu a estas lojas a autonomia completa e veio com o concelho para que estas criassem uma Obediência feminina, mas foi tomada sem as consultar e depois da Grande Loja Unida de Inglaterra proclamar de que não reconheceria internacionalmente a Grande Loja de França, tendo este fato, o de existirem Lojas de Adoção no seio da Grande Loja, o único motivo alegado para a não ortogração (seria antes a continuação deste pois estes eram originários da UGLE) do reconhecimento. As irmãs depois desta decisão e porque não se encontravam preparadas para este passo quiseram manter o status quo. Não o conseguindo, começaram a organizar-se, realizando um congresso em que fundaram a União Maçónica Feminina de França em que elegeram um Grande Secretariado de cinco membros e uma primeira presidente, Anne-Marie Pedeneau-Gentily, a mesma foi reeleita para a presidencia dos congressos realizados em 1936 e 1937.
Dessas sobreviveram noventa e uma à ocupação alemã, pois a totalidade das trezentas referidas foram da resistência francesa e participaram em inúmeras operações, sendo que dezenas foram fuziladas ou sumariamente executadas por estas actividades e outras socumbiram às torturas do invasor ou nas prisões.
Se em março de 1944 o Conselho nacional da Resistência (CNR) não menciona o voto das mulheres nos seus programas de renovação, já o general de Gaulle assina em Alger, a 21 de abril de 1944, uma ordem declarando as mulheres eleitoras e elegíveis sob as mesmas condições que os homens: o papel emancipador das resistentes é portanto reconhecido.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e depois de restituída a liberdade à França, as irmãs que sobreviveram refundam a União Maçónica Feminina de França em 21 de Outubro de 1945, mas depois dessa refundação, ainda houve uma tentativa de se reintegrarem na Grande Loja de França, mas a Grande Loja Unida de Inglaterra insistia em 1946 em não reconhecer a Grande Loja de França pelos mesmos motivos alegados em 1935.
Assim das nove Lojas Simbólicas existentes em 1935 mantiveram-se na cladestinidade cinco, são elas a saber, Nouvelle Jerusalem (que proveio de várias), a Libre Examen, a General Peigné, Minerve e Thébah, sendo que a R∴L∴ General Paingné mais tarde abateu colunas. Com a criação da Grande Loja Feminina de França em 1952 com as quatro que sobram, com mais a R∴L∴ Athéna (que é criada em 1948 a Oriente de Toulouse), levanta colunas esta nova Obediência Maçônica. Embora na realidade a decisão da fundação da Grande Loja Feminina de França é tomada no Convento de 30 de Outubro de 1945, mas a Grande Loja só levanta colunas e é criada em 22 de Setembro de 1952 (devido às tentativas frustradas e já referidas de reintegração na Grande Loja de França).
Com o levantamento de colunas da Grande Loja Feminina de França é extinta a União Maçónica Feminina de França. Em 1952, a Union Maçonnique Féminine de France se convirtió oficialmente na Grande Loge Féminine de France, adoptando o Rito Escocés Antigo e Aceito em 1959.
Irmãs Maçons que participaram da Resistência Francesa contra o Regime Nazista
Fabienne L’Echarpe (1898-1994)
Foi iniciada na Maçonaria em 11 de janeiro de 1924, na Loja Nova Jerusalém. Participou da fundação de inúmeras Lojas. Foi Grã Mestre entre 1958 e 1965. Engajou-se a Resistencia Francesa. Foi grande defensora dos direitos
humanos.
Marcelle Chébroux (1898-1981)
Iniciou em 1932, na Loja Nova Jerusalém. Mais tarde foi Venerável Mestra. Entrou para a resistência Francesa em 1940. Fez parte das milícias da Resistencia em 1944. Por suas ações foi condecorada com a Legião de Honra.
Giberte Arcambal (1901-1993)
Iniciou a Loja La Nouvelle Jérusalem em 1955. Mais tarde foi Venerável Mestra e Grã Mestre em 1969. Após o seu marido ter sido deportado e morto, ela entrou para a Resistencia. Recebeu a Legião de Honra. Como jornalista colaborou com o Journal du Centre et à Match.
Roberto Aguilar M. S. Silva, M.M.
A.’.R.’.L.’.S.’. Sentinela da Fronteira, n°53, Corumbá, MS (Academia Maçônica de Letras de Mato Grosso do Sul) – Brasil
NOTAS:
(1) Lojas de Adoção são lojas femininas, assim chamadas porque eram adotadas por uma Loja masculina, funcionando sob a égide desta.
BIBLIOGRAFIA:
GRANDE LOGE FÉMININE DE FRANCE. Francs-Maçonnes Célèbres. http://www.glff.org/internet/fr/celebresphist.htm
WIKIPEDIA. União Maçónica Feminina de França. http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Ma%C3%A7%C3%B3nica_Feminina_de_Fran%C3%A7a
WIKIPEDIA. Gran Logia Femenina de Francia http://es.wikipedia.org/wiki/Gran_Logia_Femenina_de_Francia