LOJA DE SÃO JOÃO

São João Batista, filho de Isabel, prima de Maria, mãe deJesus, concebido igualmente por uma graça divina, haja vista a avançada idade dos pais, portadores de fé e perseverança. Isabel, grávida de seis meses, em contato com Maria, sentiu um abalo de João em seu ventre (movimento = fé,no líquido amniótico = liberdade criativa) e o aumento do calor em seu coração (chama do amor divino = fraternidade), anunciando (claridade mental = viu a luz = o Sol brilha para todos = igualdade) a gravidez de Maria. São João Batista pregou a vinda do Messias, o Salvador (Cristo cósmico = EU Superior), fazia isto pelo batismo (mergulho) nas águas (consciência).

Encontrou-se com Jesus 30 anos após o nascimento dEste e o batizou nas águas, informando-O que aquele era o limite de seu Grau (“Eu vos batizo com água para a metanóia, mas Aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato eu não sou digno nem ao menos de levar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo…” Mateus 3:11-12); porémnesse momentoviu descer sobre a Sua cabeça e ali permanecer o Espírito Santo (Jesus recebe o Cristo), afirmando que Estepassaria a batizar no fogo (chama do amor = sopro divino = Cristo = EU SOU), quem assim o fizesse faria nascer o filho do homem, o duas vezes nascido. São João Batista teve seu nascimento (nascido de mulher = corpo físico) comunicado através da chama de uma fogueira ( a chama do amor produz a luz do entendimento), aviso de Isabel para Maria na época dos solstícios de verão no hemisfério norte.

O verão corresponde ao período de pleno vigor físico, quando o homem jovem (A.’.M.’.) encontra-se voltado sobretudo para as realizações pessoais (ego), na conquista do Ter, amealhando coisas, cargos e posições. A prevalência de regras que disciplinam a conduta por linhas retas, tanto na vertical = ética, como na horizontal = moral, na realização de obras justas, simbolizadas pelo Esquadro,representa também a Lei e os Profetas ou o Velho Testamento: “E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir” (Mat.11:14).

São João Evangelista, o discípulo preferido de Jesus, autordo mais hermético dos evangelhos, inicia sua narrativa a partir da descida do Espírito Santo,o novo nascimento, a iniciação pelo Espírito, a conversão do ego pelo EU; a manifestação do Cristo após seu nascimentoé a narrativa deste evangelho, onde os ensinamentos são feitos para os iniciados. São João Evangelista relaciona-se com os solstícios do inverno no hemisfério norte, que correspondem ao período do vigor Espiritual, quando o homem maduro (M.’.M.’.) volta-se (converte-se = “Um único passo para dentro de si, e toda a tua peregrinação termina”) para outros valores, os do Ser, iniciando a construção do seu Templo Divino, buscando a conquista do seu tesouro interior.

A prevalência da Luz da verdade acontece quando o discípulo submete-se à disciplina, aprendendo o verdadeiro sentido da curva da humildade, daquele que sabe que quanto mais sabe, mais tem o que aprender, enfim permanecer apoiado no seu centro (coração) para a realização de obras perfeitas, simbolizadas pelo Compasso, que representa tambémo Amor, a Verdade e a Graça, ou o Novo Testamento; “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos, e rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador (Paráclito), para que fique convosco para sempre o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o reconhece: mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós”( João14:15-17).

Entendo que uma Loja de São João encerra em si os dois aspectos básicos da iniciação, tanto o da Consciência = água = Esq.’., quanto o do Espírito = fogo = Comp.’., sendo portanto um local de iniciação plena, onde os OObr.’. (“Em verdade , em verdade, te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus…” – João 3:5) constróem o Templo traçado pelo G.’.A.’.D.’.U.’..

O nosso corpo físico é o templo do Espírito, portanto somos responsáveis pela conservação do mesmo quanto aos aspectos materiais, bem como sua manutenção quanto aos aspectos emocionais. Assim, a operosidade dos OObr.’. dá-se tanto no aprendizado das oficinas como, e sobretudo, na realização do mesmo através da prática vivencial na Maçonaria e no mundo profano ( O Buda disse: “Digo-vos que dentro do corpo… podeis encontrar o mundo, e a origem do mundo, e o fim do mundo, e a senda… para todos os propósitos.” Quem quer que se abra para a luz desta eterna presença em si mesmo, terá um nascimento espiritual, nascido do Espírito, e tornar-se-á filho de Deus.), destacando-se a disciplina como alicerce de procedimento. AAug.’.Resp.’. Loj.’. Sim.’. Theobaldo Varoli Filho traz em seu Estandarte o Esq.’. e o Comp.’. entrelaçados, símbolo do C.’., o que em meu entendimento ressalta a necessidade do Obr.’. aprender a ser o preferido dele mesmo, entender o verdadeiro significado de “Amar o próximo como a si mesmo”; sentir ser ele o mais próximo do EU SOU, enfim a compressão de que entre o Ter no A.’.M.’. e o Ser do M.’.M.’., encontra-se o Estar do C.’., que resulta na responsabilidade de permanecer continuamente aperfeiçoando a construção de seu templo interior, morada do Espírito de Luz , para que esta possa mais luzir e resplandecer, e docilmente se submeter ao L.’. da L.’. , tendo a mente reta pra compreendê-lo e o coração justo para amá-lo.

Assim como os discípulos de Jesus Cristo eram irmãos, amigos e amigos dos amigos, encontro na Maçonaria o mesmo princípio, ou seja,o Amor com o seu fruto: a Fraternidade, aqui representada pelos CC.’. símbolos da vida, movimentos contínuos do aperfeiçoamento evolutivo. É a própria respiração, ao inspirar o Oxigênio ( novo aprendizado e entendimento) e expirar o Carbono ( falhas e imperfeições), esta dinâmica implica na certeza de existir em nós a força do A.’.M.’. e a prudência do M.’.M.’. com a solidariedade do C.’.M.’. formando um ser integral e pleno, realizando aUnião do Filho com o Pai, e a Comunhão ou reunião dos comuns, os Irmãos com o Pai, para compreendermos e sentirmos que TUDO É UM.

Percebo agora um novo significado para o conhecido refrão: São João, São João, a(s)cende a fogueira em meu coração.

Pois que a chama é símbolo do amor que gera a fraternidade, a chama produz a luz, que é símbolo da verdade através da qual alcançamos a liberdade, a chama e sua luz brilham para todos, gerando a igualdade. Portanto, deduzo que, uma Loja de São João É JUSTA, simbolizada por BATISTA, quando seus obreiros andam na linha horizontal agindo corretamente, como simboliza o ESQUADRO, induzindo-os à auto-disciplina que lhes proporciona a liberdade.

É PERFEITA, simbolizada por EVANGELISTA, quando seus obreiros curvam-se humildemente na verticalidade, como simboliza o COMPASSO, apoiados no seu centro (coração – EU SUPERIOR) buscam a evolução consciente através do amor fraternal (fraternidade).

O Esquadro Justo e o Compasso Perfeito entrelaçados como COMPANHEIROS, ambos sÃO JOÃO(ões) e o núcleo dessa união é a pedra fundamental do Templo Interior, a igualdade, a ser adquirida pela expansão da consciência em sua plenitude, ou seja, de forma profunda, elevada e ampla, enfim, infinita, é o todo e o tudo, símbolo do G.’.A.’.D.’.U.’. .

Bibliografia:
Bíblia Sagrada, traduzida por João Ferreira de Almeida
Cartilha do Aprendiz, José Castellani
Comentários ao Ritual de Aprendiz, Nicola Aslan
A Yoga do Cristo No Evangelho de São João, Ravi Ravindra
A Gnose Cristã, C.W. Leadbeater
Sabedoria das Parábolas e  Roteiro Cósmico, Huberto Rohden
Tratado de História das Religiões e O Sagrado e o Profano, Mircea Helíade

Antonio Luiz Morais, M.’. M.’.
ARLS Theobaldo Varoli Filho, n° 2699, G.’.O.’.S.’.P.’. – Brasil.