I – INTRODUÇÃO
A Astrologia (1) era na antiguidade considerada a chave de todas as ciências humanas e naturais e não é de duvidar que algum dia descubra, inúmeras razões para que volte a ocupar esta posição. A Astrologia teve sua origem, por volta do ano 3000 a.C., provavelmente na cidade de “Ur”, supostamente a pátria de Abraão, fundada no 4º milênio a.C., por um povo do norte da mesopotâmia, os Sumérios. Este povo tinha um grande interesse pela observação do céu. Para os Sumérios, este parecia uma grande abóbada de veludo negro onde as estrelas estavam fixas como enfeites de brilhantes. Notaram, entretanto que além do Sol e da Lua, cinco estrelas apresentavam um movimento mais rápido que as outras; eram os planetas: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno.
Mais tarde foram os Caldeus que introduziram a astrologia como hoje é conhecida. As estrelas foram agrupadas em constelações, para servirem como marcadores do movimento dos planetas. O Zodíaco, ou o Caminho de Anu, era a rota seguida no céu pelo Sol, Lua e planetas, sempre pela mesma massa de estrelas, as Constelações Zodiacais.
A divisão do Zodíaco em doze partes talvez tenha vindo da divisão em doze partes de duas horas cada uma do dia dos Caldeus.
A maçonaria, com seus templos onde sempre são representados os signos do zodíaco e a abóbada celeste, sempre serviram de veículo para a difusão de ensinamentos da Astrologia e, com certeza, foram em lojas que a Astrologia deve ter primeiro florescido em nosso país, em especial no Rio de Janeiro.
I – AS ERAS DA ASTROLOGIA
Grande Ano, em Astrologia, é o período de 25.858 anos que a terra leva para percorrer todos os signos do zodíaco.
Esse período é constituído por doze Grandes Meses, cada um dos quais com uma duração aproximadamente de 2.000 anos. Um Grande Mês, assim, corresponde a uma Era, regida por um dos doze signos, que se seguem, em sentido decrescente.
ERA DE LEÃO (de 10.000 a.C. a 8.000 a.C)
Era mais antiga da qual é possível ter conhecimento. Governada pelo signo de Leão, cujo astro regente é o Sol, e marcou um período dominado pela criação: o homem começou a cultivar as plantas, a criar os animais e a polir a pedra e adquirindo os meios para um rápido progresso. Iniciava-se o Período Neolítico da Pré Historia, o inicio da civilização estratificada.
ERA DE CANCER (de 8.000 a. C a 6.000 a.C)
Com o termino da Idade de Gelo, por volta de 9.000 AC, o homem deixou as cavernas e começou a construir as suas habitações, abandonando o nomadismo e tornando-se sedentário. Sob o governo de Câncer, signo da maternidade e do lar-regido pela Lua, a “mãe universal”, o princípio feminino, que fertiliza todas as coisas – a humanidade começou a se estruturar socialmente por meio da família.
ERA DE GÊMEOS (de 6.000 a. C a 4.000 a. C)
Esta Era foi caracterizada pelo dinamismo e pela elaboração dos grandes projetos humanos. Governada por Gêmeos – regido por Mercúrio, o representante do intelecto – uma Era de grande efervescência intelectual e de muita curiosidade, um dos seus mais valiosos tesouros: a escrita. O homem começou a fixar as suas idéias e a registrar a sua própria memória. Começava, ai, a Historia.
ERA DE TOURO (de 4.000 a. C a 2.000 a. C)
Representando a força criativa de Áries, transformada nos poderes de fecundação e procriação da natureza, o signo, através de sua influência na Terra, com sua solidez e riqueza, significou o florescimento de grandes civilizações humanas – e a egípcia. Período de grandes progressos materiais, a Era de Touro legou, à humanidade, cidades importantes, como por exemplo, Tebas e Mênfis, no Egito, onde era cultuado Àpis, o touro sagrado.
ERA DE ÀRIES (de 2.000 a. C a 0)
Sendo regida por Marte, deus da guerra, na mitologia romana, foi caracterizada por grande atividade bélica, com muitas invasões e muitas lutas entre os povos. Um exemplo é o território antigo da Grécia, que sofreu, durante esse período, diversas invasões; as mais produtivas delas, foram as dos dórios e dos jônios, já que, dessa miscigenação de povos, surgiu a magnífica cultura grega, que tanta influência teve nos destinos da humanidade.
ERA DE PEIXES (de 0 a 2.000 d.C)
Regido por Peixes, signo da fé, da piedade, da compaixão, do espírito de sacrifício e do misticismo, este período viu surgir o seu fato mais marcante: o cristianismo, que, como religião, é o típico exemplo da mentalidade de Peixes. O signo influenciou tanto este período, que o seu símbolo – dois peixes, dispostos lado a lado, mas em sentindo inverso, simbolizando o momento final da liberação do espírito das malhas matérias – acabou se tornando o sinal secreto dos que aderiam à fé cristã. Este é o período dos “pescadores de homens”.
ERA DE AQUÁRIO (de 2.000 d.C a 4.000 d.C)
A Era de Aquário, a se iniciar no ano 2.000, terá, como mensagem especial, o humanitarismo. Nela ocorrerá uma reconciliação entre a ‘ciência e o homem’, entre as mais fantásticas descobertas da mente cientifica e as verdades eternas, que tem sido motor e dínamo da humanidade. Sendo regido por Aquário – signo da originalidade, da independência, da lealdade, da ação – à vontade de mudar e de criar, além de uma grande preocupação com o futuro da humanidade. Nesse período, os homens terão a oportunidade de transformar o mundo, tornando-o feliz e próspero. Mas poderão, também, destruí-lo, mesmo que a prudência seja uma característica de Aquário.
III – A INTERPRETAÇÃO ASTROLÓGICA (2)
A Igualdade é o símbolo de Libra ou Balança. Este signo é o símbolo universal do equilíbrio, da legalidade e da justiça, concretizado pelo senso da diplomacia e da cortesia. Libra significa, em última análise, um caráter afável, um sentido de justiça, harmonia e sociabilidade, que são todos atributos da igualdade.
A Fraternidade é perfeitamente ilustrada pelo signo de Gêmeos em sua dualidade, que são os míticos Castor e Pólux, cada um desempenhando seu papel sem nenhuma proeminência sobre o outro. O signo de Gêmeos é dual, porque simboliza o momento em que a força criativa de Áries e Touro dividem-se em duas correntes: uma tem sentido ascensional, espiritual, e a outra é descendente, no sentido da multiplicidade das formas e do mundo fenomênico. Considere-se, também que face a Gêmeos está Sagitário, governado por Júpiter Zeus, Deus do qual todos os homens emanam, o que os faz irmãos uns dos outros, com cada um procurando-o, à sua maneira.
A Liberdade é apanágio de Aquário, simbolizado por Ganimedes, pelo anjo derramando sobre a humanidade o cântaro do saber; saber que, se for bem utilizado pode ser um meio de acesso à liberdade, com a condição de que aceite a superioridade do iniciado. Só o iniciado, o sábio, poderá reconhecer os limites além dos quais não poderá ir, pois esta é a maneira dele chegar ao conhecimento dos mistérios divinos. Essa ligação com o divino, da qual Moisés é um símbolo, o respeito às leis divinas, fundamentais para uma existência pacífica e harmoniosa, serão também assinalados pelo signo frontal a Aquário: Leão, cujo símbolo é o Sol, símbolo do UM, símbolo de Deus.
Esses três signos: Libra, Gêmeos e Aquário são os signos do ar do zodíaco. E os signos do ar são símbolos do espírito, são símbolos do cosmos, que o iniciado deve procurar conhecer e compreender.
IV – AS PROVAS DOS QUATRO ELEMENTOS.
Uma das primeiras lições que aquele que receberá a Luz recebe é justamente da simbologia e da importância da depuração pessoal ou “limpeza” pelos quatro elementos: terra, água, ar e fogo. Estes são os elementos básicos que formam toda a Criação no estudo da Astrologia. Compreendendo as características destes elementos pode-se compreender tudo, pois tudo o que existe foi criado com esta matéria prima básica.
Muitos IIr.’. restringem os estudos dos elementos às lições e indicações do Ritual e assim deixam de compreender a amplitude deste conhecimento.
Só para ilustrar, nas antigas tradições iniciáticas, aquele que dominava os elementos tornava-se igual e semelhante ao Gr.’. Arq.’. do Un.’. pois dominaria totalmente tudo o que foi criado. O iniciado deveria dominar o elemento em seu universo particular. Deveria dominar a terra e o medo do desmoronamento, a melancolia, a avareza, a falta de horizontes em circunstâncias que elevariam ao máximo estas tendências como, por exemplo, dentro de um buraco ou caverna estreita, úmida e profunda. A água deveria ser dominada, por exemplo, dentro de um rio caudaloso e com correnteza violenta, vencendo-se a incerteza, a insegurança, a sensação de abandono e da falta de apoio. O elemento ar deveria ser dominado nas alturas de um precipício ou montanha (hoje uma montanha russa serviria), vencendo-se a vertigem, o desequilíbrio, a dificuldade de respiração em função da apreensão. Finalmente o fogo deveria ser dominado dentro de um salão incendiado, ou com o iniciado circundado por três enormes fogueiras. Ele deveria controlar suas reações quanto ao calor, à luz excessiva e à sensação de proximidade com um poder terrível que pode destruir.
V – OS CARGOS EM LOJA E OS SETE PLANETAS ESOTÉRICOS.
Ven.’. M.’. – assimilado ao planeta Júpiter, (número 6) que no panteão dos deuses babilônicos, simbolizava a sabedoria. Rege a visão, a prosperidade, a misericórdia, a liturgia, o sacerdócio, o mestre e a felicidade.
Ord.’. – está relacionado com Mercúrio (número 2) o planeta que rege a expressão da Verdade, pois é o “enviado de Deus”. Mercúrio tem asas nos pés e é o porta-voz, aquele que dá as boas vindas e domina os escritos. Associado ao Sol, pois dele emana a Luz, como guarda da lei maçônica que é, além de responsável pelas peças de arquitetura.
1o Vig.’. – associado ao planeta Marte, que era o senhor da guerra, simbolizando a força. Marte rege o início, a coragem, o pioneirismo e o impulso.
2o Vig.’. – assimilado ao planeta Vênus, feminilizado na mitologia babilônica e que, sendo a deusa mágica da fertilidade e do amor, simboliza a beleza. Vênus rege a harmonia, o prazer, a alegria, e a beleza como reflexo da manifestação do Gr.’. Arq.’. do Un.’..
Secr.’. – relaciona-se com o planeta Saturno (número 7). É ele o responsável de gravar para a eternidade os fatos de forma fria e exata. Ele é o controlador rígido da ordem dos processos e cioso pela documentação dentro das normas. Assimilado à Lua, pois reflete as conclusões legais do Orador.
Tes.’. associado a Cronos (Saturno, para os romanos), pai de Zeus e filho de Urano, um dos deuses primordiais, que, com Géia (a Terra) estava no início de todas as coisas, simboliza a riqueza. Recebe a simbologia da Lua (número 1) em sua atividade. A atividade de receber os metais e de organizar o movimento financeiro da Loja é considerada —por lidar com a frieza dos números — fria e calculista, além de inflexível. . A Lua rege a família, a cidade, o lar e o corpo; portanto rege o Templo.
M.’. de Cer.’. assimilado ao planeta Mercúrio, o deus veloz e astuto. Está relacionado ao planeta Sol. O Sol (número 4) caminha diariamente pelo Céu, levando e trazendo a existência, a verdade e a justiça. É ele que anima a vida e que circula no oriente e no ocidente.
Notas:
(1) A palavra astrologia tem origem grega. É formado a partir de “aster”, astro e “logos”, discurso, relato, razão, definição, faculdade racional, proporção.(2) A 1a. República conheceu bem a divisa “Liberdade, Igualdade, ou a Morte”, mas tal programa ideológico não foi jamais o da Maçonaria. Foi somente sob a 2a. República que a “tríplice divisa” surgiu. Mas não foi a República que tomou emprestada a divisa à Maçonaria, mas, sim, a Maçonaria é que a tomou emprestada à República (in Dictionnaire de la Franc-Maçonnerie et des Francs-Maçons” – Belfond – Paris – 1971) . José Castellani
Bibliografia:
1.Maçonaria e Astrologia/ José Castellani – São Paulo: Landmark, 2002 Brasil 2a. Edição
2.Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom – Editora A Gazeta Maçônica – 1a. edição – 1985 – 2a. Edição 1992.
Carlos Galvão, João Paganelo e Eduardo Gennari,
MM’.MM.’. – A.’.R.’.L.’.S.’. Thomaz Idineu Galera, Gosp – São Paulo- Brasil