NA COLUNA J

O Rei Davi, da tribo de Judá, desejava construir uma casa para Javé (YHWH), onde a Arca da Aliança ficasse definitivamente guardada, ao invés de permanecer na tenda provisória ou tabernáculo, existente desde os dias de Moisés.

Segundo a Bíblia, este desejo foi-lhe negado por Deus em virtude de ter derramado muito sangue em guerras. No entanto, isso seria permitido ao seu filho Salomão, cujo nome significa “paz”. Isto enfatizava a vontade divina de que a Casa de Deus fosse edificada em paz, por um homem pacífico. (2 Samuel 7:1-16; 1 Reis 5:3-5; 8:17; 1 Crónicas 17:1-14; 22:6-10).

Davi comprou a eira de Ornã ou Araúna, um jebuseu , que se localizava no monte Moriah ou Moriá, para que ali viesse a ser construído o templo. (2 Samuel 24:24, 25; 1 Crónicas 21:24, 25). Juntou 100.000 talentos de ouro, 1.000.000 de talentos de prata, cobre e ferro em grande quantidade, além de contribuir com 3.000 talentos de ouro e 7.000 talentos de prata, da sua fortuna pessoal. Recebeu também como contribuições dos príncipes, ouro no valor de 5.000 talentos, 10.000 daricos e prata no valor de 10.000 talentos, bem como muito ferro e cobre. (1 Crónicas 22:14; 29:3-7).

O Rei Salomão começou a construir o templo no quarto ano de seu reinado seguindo o plano arquitetônico transmitido por Davi, seu pai (1 Reis 6:1; 1 Crónicas 28:11-19), sendo que o trabalho prosseguiu por sete anos (1 Reis 6:37, 38).

Em troca de trigo, cevada, azeite e vinho, Hiram ou Hirão, rei de Tiro, forneceu madeira do Líbano e operários especializados em madeira e em pedra. Ao organizar o trabalho, Salomão convocou 30.000 homens de Israel, enviando-os ao Líbano em equipes de 10.000 a cada mês. Convocou 70.000 dentre os habitantes do país que não eram israelitas, para trabalharem como carregadores, e 80.000 como cortadores (1 Reis 5:15; 9:20, 21; 2 Crónicas 2:2). Como responsáveis pelo serviço, Salomão nomeou 550 homens e, ao que parece, 3.300 como ajudantes (1 Reis 5:16; 9:22, 23).

Salomão não chegou a gastar a totalidade desta quantia na construção do templo, depositando o excedente no tesouro do templo (1 Reis 7:51; 2 Crónicas 5:1).

O templo tinha uma planta muito similar ao tabernáculo que anteriormente servia de centro da adoração ao Deus de Israel. Na entrada, antes do portal, duas enormes pilastras, uma com a letra B e outra com a letra J representavam as palavras Booz e Jaquim.

Booz deriva de Boaz, nome do patriarca hebreu que fundou a dinastia do rei Davi. Casado com a moabita Rute, Boaz foi pai de Obed, que por sua vez gerou a Isaí, ou Jessé ou Jaquim, que foi pai do rei Davi. Na tradição hebraica, portanto, Boaz foi aquele que fundou a família que iria, mais tarde, estabelecer o reino de Israel.
Boaz foi um rico dono de terras na cidade de Belém; homem de fé, sábio, justo, piedoso, valente e poderoso, cumpridor fiel das leis dos juízes de Israel. Onde havia uma provisão legal dava aos pobres o direito de ir aos campos no momento da colheita e recolherem o necessário para passarem o dia.

Jaquim, o belemita (N.A.: natural de Belém), foi um homem de vida simples, agricultor e pastor de ovelhas. Foi também um homem bom, solidário e piedoso, pai de família exemplar, sendo ungido por Deus através do profeta Samuel em razão de seu extraordinário caráter.

O que nos chama atenção na vida desses dois homens são suas ações em favor de seus semelhantes, dos mais humildes e menos favorecidos.

A lição de vida que podemos aprender com os nossos Irmãos do passado é exatamente através do que eles tinham em comum, não obstante um ser muito rico e poderoso, e o outro de classe média. O que faziam deles iguais era o caráter, a dignidade, a solidariedade, a voluntariedade, a prontidão, à vontade e o querer, levado à ação de ver acontecer, de fazer a diferença no mundo de sua época, tão injusto e carente. Qualidades estas necessárias e imprescindíveis na vida de um Maçom.

Salomão homenageando aos seus digníssimos parentes, grafando suas iniciais às colunas do templo nos dá, com sabedoria, a medida certa de aprendizado.

A Maçonaria atraiu para si as Colunas inspirada na descrição do Grande Templo de Salomão, contidas nas Sagradas Escrituras. As colunas gêmeas significam, na tradução latina, “Ele firmará a força”; esse dualismo tem significado muito esotérico, sendo destinada a acompanhar aquele que receberia de Jeová a consagração. Na liturgia Hebraica, representavam a dualidade do universo, onde uma coisa só existe em função de outra, seria algo como a noite e o dia, o homem e a mulher, o bem e o mal, o certo e o errado. Representariam as Colunas modernas, os sexos, a Coluna B que junto com a Coluna do 1º Vigilante significa o feminino, é denominada de Coluna da Força, e a Coluna J, com a coluna do 2º vigilante, o masculino, a da Beleza.

Outra interpretação a que se dá é a de que a Coluna B, que corresponde aos Aprendizes, poderia representar Buda, que nasceu antes de Jesus e dedicou a maior parte de sua vida à construção de escolas. A Coluna J, que corresponde aos Companheiros, poderia representar Jesus que viveu cercado de seus discípulos. Estas duas colunas ficam próximas às colunas zodiacais em que, por propósito ou coincidência, o lado de Buda corresponde a Áries, signo do fogo, e Buda significa o Iluminado. E a do lado de Jesus, a Peixes, que é o símbolo do Cristianismo.

Convido agora, meus irmãos, a ficarem entre estas colunas, que demarcam a entrada do templo através de uma porta imaginária e assim podermos meditar sobre o simbolismo e o significado de cada uma delas.

Estas colunas simbolizam o equilíbrio que se consegue com a utilização de duas forças contrárias, opondo-as uma à outra de forma que se neutralizam quando desenvolvidas na mesma intensidade, conseguindo-se, assim, a harmonia perfeita.

Enquanto Aprendiz, nosso trabalho ainda não podia ser consciente e ativo, sendo mais um trabalho material e destrutivo. Ignorávamos ainda os princípios filosóficos da Ordem, desbastávamos a Pedra Bruta interior, permitindo que os sublimes ideais da Maçonaria penetrassem no íntimo, purificando nossos pensamentos, afastando os defeitos de nossa educação profana, permitindo-nos assim, compreender toda a pureza dos ideais Maçônicos.

Combatemos, em nós mesmos, a ignorância, a superstição e a vaidade.

Agora nosso trabalho já é mais consciente e ativo, desenvolvendo uma atitude construtiva e sendo um elemento ativo nos trabalhos da Arte Real. Destruímos, ao passarmos para a Coluna J, mais ainda a personalidade defeituosa que trouxemos da vida profana para tornar-nos aptos a enxergar e compreender a verdadeira Luz.

E, agora que estamos no caminho da Luz, precisamos passar à parte ativa do nosso trabalho fazendo nossa obra construtiva e criando em nosso interior, uma nova personalidade que permita-nos utilizar nossos próprios pensamentos na direção de nossos atos, trabalhando mais a força mental do que a física.

Nossos atos serão assim, pensados, meditados e traçados pelas mais rígidas regras da moral e dos bons costumes. Os pensamentos mais puros, mais esclarecidos serão dirigidos sempre no sentido do bem para com toda a humanidade, da liberdade, da igualdade e da fraternidade.

Sentar ao sul e vislumbrar a Coluna J é um exercício que nos leva a avaliar a delicadeza do novo trabalho de auxiliar os Mestres, selecionando os materiais, preparando-os convenientemente para que o trabalho dos nossos Mestres resulte num edifício perfeito, sólido na construção e harmonioso nas suas formas.

Devemos olhar firmemente para as ferramentas do nosso Grau, decifrando o significado de cada uma, e quando conseguirmos certamente elas nos terá fornecido todos os elementos de que possamos necessitar para vencer na luta pelo aperfeiçoamento do nosso caráter e da conduta de homem bom, justo e esclarecido.

Devemos meditar de como usar a inteligência para dar mais valor e glorificar o trabalho com o qual devemos moldar permanentemente a nossa alma, o nosso espírito, de modo que possamos completar, dentro de nós mesmo, a construção do Templo Sagrado do Amor Universal.

Maurilo Humberto, M.M.
ARLS Astro Do Oriente, O.: Pirassununga, SP – Brasil

 

BIBLIOGRAFIA:
• Maçonaria – 100 instruções de aprendiz – Raymundo Délia Junior – Ed. Madras 2007
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• A Maçonaria Simbólica – Álvaro de Queiroz, Ed. Madras – 2007
• Conhecendo a Arte Real – a maçonaria e suas influências históricas e filosóficas – João Anatalino – Ed. Madras – 2007
• Da Coluna “J” – Ir.: Jaime D. M. Barreiras – M.: M.: