O JOGO DA VIDA

♦ OURO – SÃO JORGE
Símbolo do Guerreiro Vencedor, observando a imagem deste Santo vamos constatando o simbolizado em cada um de seus detalhes, que retratam mais do que um ícone de Fé e o exemplo exotérico de comportamento; é um arcano que esotericamente nos mostra o Caminho do Oriente a ser trilhado pelos filhos de Fé que se iniciam nesta gloriosa jornada evolutiva. Assim, temos:

1 ) O Cavalo, que simboliza o corpo físico do ser humano, suas quatro patas e a cabeça, os cinco sentidos, que aparecem fortes, sadios, viris, plenos e perfeitamente integrados no cumprimento de suas funções (daí na Umbanda denominar-se o corpo físico como cavalo), dirigido e comandado pelo
2) Cavaleiro, que simboliza o espírito ou Eu superior, o qual aparece com uma
3) Armadura, simbolizando o corpo astral, necessária ao tipo de luta pois, se de um lado limita a liberdade do espírito, ao mesmo tempo o protege no plano vibratório da batalha, que consiste em ficar em cima do cavalo, sobrepujá-lo e comandá-lo pelas
4) Rédeas da razão, dando-lhe a direção e velocidade segundo seu entendimento, o capacete com o
5) Elmo simboliza o kundaline desperto, a sua
6) Capa demonstra o poder de elevar-se a planos mais sutis, sua
7) Lança simboliza o bastão nas mãos do Mago, que subjuga o
8) Dragão, simbolizando os quatro elementos água (escamas) simboliza as emoções, terra (patas) simboliza seu ambiente onde deve realizar-se, ar (asas) simboliza os diferentes planos vibratórios para onde pode deslocar suas influências e fogo (língua) simboliza as paixões interiores expelidas pela boca. Correlaciona-se com a
9) Lua, que simboliza o plano astral ou a região mais próxima da terra, e ainda o equívoco como refletora e não imanente da luz solar e o perispírito com o corpo físico.

Esotericamente nos ensina que o ser humano deve usar e gozar plenamente do seu corpo físico, tendo os seus sentidos como elementos de informação e conhecimento, para que com a razão faça uso dos mesmos, tendo em conta que o seu corpo físico ou sua personalidade, com todas as suas necessidades e exigências, deve sempre submeter-se ao comando do Eu superior, que é o verdadeiro ser criado por Deus, ou permanecer como escravo do ego, subordinando-se a seus gostos e fantasias; igualmente com relação ao corpo astral, que compreende os sentimentos e emoções, os quais devem submeter-se ao Eu superior e não cair em seu domínio, ter sobretudo a auto consciência de que o comando pertence ao EU, espírito divino que vive no coração de cada personalidade, entender o verdadeiro sentido da conversão pelo ensinamento Crístico “Vade retro, Satanás”, ou seja, o EU comanda, está acima e à frente da persona.

É, pois, no dia a dia de nossa existência que temos a oportunidade de esvaziarmo-nos das conveniências da nossa personalidade, ou seja, ORAR, e estarmos sempre atentos e prontos para a batalha ou Guerra Santa contra as imperfeições do nosso ego, o que vem a ser o eterno VIGIAR. É na vivência diária, nos pequenos embates, que vai se fortalecendo o guerreiro, tornando-se um vencedor das fraquezas cometidas, sem no entanto derrotar o agente ou a personalidade, pois é através desta que conquistará a Vitória Final, ou seja, a realização nesta fase ou etapa evolutiva (terra, subsolo, minerais, representados pelas três pontas da lança, que simboliza a persona, o EU unindo-se a Deus, “Eu e o Pai somos Um”, a transformação alquímica do ferro em ouro), quando devemos vencer todos os aspectos relacionados ao plano terreno, ou seja, vencer profissional, social, econômica e financeiramente, e ainda fisicamente usufruir e satisfazer os prazeres, tornando-nos, assim, um cavaleiro da távola redonda a caminho da busca do Santo Graal (copas).

♥ COPAS – SAGRADO CORAÇÃO
Ação, ato de pôr em movimento, é o próprio viver, implica antes de tudo em ser criado, Deus criou o homem expelindo-o de Si como espírito, portanto este é parte de um todo perfeito que, para ressurgir integrando-se nesse todo perfeito (Deus), somente o poderá fazer estando perfeito (“Deus creou o homem o menos possível, para que se pudesse crear o mais possível” Huberto Rohden). O que está em- baixo é semelhante ao que está em cima, assim, seguindo este mesmo princípio, cada célula (a família é a célula-mater da sociedade, da mesma forma é uma capela para a religião Católica Apostólica Romana, um centro espírita para a religião Kardeccista, um terreiro para a religião Umbandista, um templo ou núcleo para religiões de diferentes denominações, no mesmo sentido um Distrito para o Município, este para a Comarca, esta para o Estado, este para o País, etc.) pertencente a um órgão deve funcionar em perfeita harmonia com as demais, seguindo as regras naturais de sua existência, cumprindo o seu destino, respeitando harmonicamente a hierarquia dos diferentes poderes constituídos e estabelecidos, sendo em um Homem o Físico, o Mental e o Espiritual, e num País o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.

Evolução é o movimento de progresso ou aperfeiçoamento que conduz à integração da idéia, ideal ou princípio de uma concepção, seguindo as regras legalmente estabelecidas. Revolução é o movimento independente de rebeldia contra a função predestinada, rompendo e violando as regras acima expostas (uma célula revolucionária é aquela que se rebela contra a sua própria função, agindo independentemente, alimentando-se das demais à sua volta, destruindo-as, e multiplicando-se seguindo para a destruição ou desintegração, pois destrói o órgão, o organismo, até não ter como alimentar-se desaparecendo, este movimento no organismo físico é denominado como câncer. O Dr. Ary Lex produz com sua obra Pureza Doutrinária a cura para o câncer na Religião Kardeccista, servindo de exemplo para todas as demais que pretendem manter-se sadias e íntegras dentro de seus princípios filosóficos, preservando a Egrégora), provocando morte, destruição e desintegração.

Conversão é o movimento de retorno à ação perfeita ou evolução através da êntase ou mergulho nas profundezas interiores, encontrando o tesouro escondido na taça celestial (coração, aquário do peixe divino, Santo Graal, copas ou cálice da água viva), constituindo-se a própria Redenção, o movimento que segue as regras, curando dentro dos princípios estabelecidos, colocando ordem no caos, gerando vida, formando o cosmos através do Amor ( “O amor é o aspecto de afinidade interna efetivamente esperado que aproxima e une os elementos do mundo…O amor é de fato o agente da síntese universal.” Teilhard de Chardin).

O amor contém em si a Simplicidade, característica das pessoas mais descomplicadas que valorizam os atos comuns do dia a dia, privilégio das naturezas sensíveis e sábias; a Paz, que desarma espíritos, facilita a aproximação tornando possível a aceitação de diferenças sem conflitos, no exercício constante da calma; a Troca Partilhada, amor trocado, dividido para ser bem partilhado na soma livre de sentimentos, na multiplicação de alegrias e na subtração de amarguras; é Doação, amar é doar a mãos cheias em todas e quaisquer oportunidades, ser grato, generoso e reconhecido ao objeto amado por ter atingido tal elevação; é, sobretudo, a Alegria , cultivar a alegria é tornar-se boa companhia, tornando feliz quem se ama. Assim , aquele que mergulha na taça que contém a água viva (concentra-se), ressurge como redentor de si próprio, transformando-se em copas, cheio de bênçãos divinas, saciando todos os peregrinos que já trilham o Caminho do oriente.

♠ ESPADAS – SÍMBOLO DE FÉ
O naipe de OUROS simboliza a conquista das riquezas materiais, o pagamento dos tributos a César, o naipe de COPAS simboliza o esvaziamento no coração dos sentimentos centrados no eu e o preenchimento com sentimentos centrado em nós, com a participação efetiva do amor divino em ação, a Deus o que é de Deus.

Em ESPADAS, a missão é perseguir um ideal com firmeza e retidão. A FÉ (freqüência constante e alta sintonia com o Criador) não pode ser racional ou cega, ela é um atributo da coragem e da determinação, é o germe da Esperança e o sonho da Paz. É um caminho que se percorre só, é o homem em busca da Divindade em si, escalando cada célula em seu ser; derrubado o muro das separações e divisões em Copas, aqui ele aproveita as mesmas pedras e começa a construção dos degraus da escada evolutiva em seu templo interior. Espada separa, escolhe e atinge o seu alvo quando guiada pela Luz Divina, a vivência em espadas é sobretudo a jornada de batalhas, onde vitórias simbolizadas pela certeza, confiança e prazer (Fogo, coração sagrado, calor) e derrotas simbolizadas pela dúvida, medo e dor (Água, lágrimas, frio) se sucedem na formação da têmpera do Guerreiro. Todo ser de Fé é um forte e destemido que nos embates solitários vai conhecendo-se e respeitando-se, conseqüentemente valorizando-se, encontrando nos seus melhores dons o ponto de apoio para superar suas próprias deficiências.

O guerreiro deve manter-se constantemente em guarda, com a espada em pé (como o Caduceu, que aqui pode ser interpretado como a Espada sendo a coluna vertebral – representando o Criador – e as duas Cobras entrelaçadas representando a criatura, ego e o Eu Superior), estando a ponta dirigida para o seu ideal superior, tornando-se o guardião de seu próprio destino, mantendo-se fiel aos seus propósitos e cumprindo-os dentro dos princípios estruturais, galgando cada degrau segundo sua comprovada evolução ( evoluir é subir, estagnar é fácil, descer facílimo, porém subir é difícil). É ir além do dever do agir reto, é Um jeito reto de ser. Não causar nova dor ao próximo, para com isso satisfazer sua própria cobiça. A vivência em espadas é de total reclusão solitária, onde, em trabalho de força, determinação, coragem, inteligência e amor, concebe, planeja e inicia a construção do seu templo interior onde habita o EU, refletindo assim a construção cósmica executada pelo Grande Arquiteto do Universo. O que guia o guerreiro é a irradiação da Luz da Verdade, propagada pela chama do Amor Divino presente no coração.

A espada mística é símbolo de Fé, é a própria cruz, pois, segundo Jesus, “todos que desejam alcançar o Reino Celestial devem carregar sua cruz”, com dignidade. Como um barco (ego, persona) vou navegando pelos mares da vida (plano físico), e no oceano cósmico (plano astral) consciente de que, mais do que quaisquer equipamentos de ponta, de última geração tais como bússola, radar, rádio, ou até mesmo o contato com o espaço através de navegadores por satélites, necessário e imprescindível é estar o Marinheiro (EU Superior, Espírito) no comando, eu sou esse Marinheiro, esse Marinheiro sou eu.

♣ PAUS – COMPAIXÃO E CARIDADE
JESUS disse “Misericórdia quero, e não sacrifício…”(Mat.9/13), com isto entendemos o esvaziamento no coração das causas pessoais, para preenchê-lo com as causas coletivas, este é o princípio para a realização da tarefa em Paus, pois é conhecido como o caminho das missões, ou seja, sentir a dificuldade do próximo como se fosse sua e agir na busca das soluções, cuidando, amparando, ajudando e sobretudo ensinando como equacionar as dificuldades (cuidar e amparar o faminto e doente, para em seguida ensiná-lo a pescar). É o processo da ação efetiva como condutor das bênçãos divinas para os necessitados, tornando-se instrumento da ação de graça.

Paus é símbolo do poder de comando, que estabelece ordem, união ou harmonia, como por exemplo: Paus – galho da videira Divina, Paus – bastão ou vara do mago, Paus – bastão do pastor de rebanhos e do Pastor Espiritual, Paus – cetro do rei, Paus – batuta do maestro, etc. Ouros é o caminho da conquista material, Copas é o caminho da conquista do amor Divino, Espadas é o caminho da conquista da fé; em Paus temos o caminho para a conquista do altruísmo, é o sentimento de satisfação pelo privilégio de poder fazer, é a ação de graça em si uma gratificação para quem a conduz ou realiza. O trabalho de voluntariado é o poder de fazer o bem, que em si gera a felicidade, predominando sobre o sofrimento ou eventual sacrifício.

Os que empreendem estas tarefas passam a fazer parte do Grande Exército da Luz , Egrégora das Forças Cósmicas Superiores, unindo-se àqueles que trabalharam, trabalham e trabalharão para a evolução, Jesus chamava essas forças de “Vontade do Pai no céu”. Trabalhar em Fraternidades é agir como irmãos, filhos do Pai Eterno, unidos na mesma sintonia ou ideal, atuando nas diferentes vibrações (estágios evolutivos) de cada dimensão (densidades física, astral, mental, mental superior), para a realização de cada objetivo. No mesmo sentido, é ser o elo de uma corrente, com a consciência de que a força da mesma está na capacidade do seu elo mais fraco, portanto, é cuidar para que cada um se fortaleça, dando assim cada vez maior consistência a própria corrente, a qual tem por função a movimentação dos necessitados no sentido de Criação (a descida), trazendo o Amor Divino para suprir suas necessidades, e Sublimação ( a subida), satisfeitas suas necessidades, são agora orientados para a evolução em direção à fonte do Amor Divino.

Desta forma, se em Ouros privilegia-se o ter, em Copas o ser, em Espadas o fazer, em Paus a missão é o realizar, pois ” é dando que se recebe”, quem dá do que tem (posses) fica com menos , mas quem dá do que é contribui para quem recebe com o ter, o ser e o fazer, acessando assim o depositário infinito, porque somente através da Fonte da Água Viva todos ficarão para sempre saciados, assim como toda fonte quanto mais dela se tira, mais ela brota. Portanto, quem mais realiza é sempre quem mais sai ganhando em todos os sentidos, tanto é que, impulsionando o próximo na evolução, é beneficiado no mesmo sentido pelo próprio impulso. O Girassol está preso à terra, movimenta-se no ar, tem água em seu interior e vive em função da busca incessante do calor do sol, é flor (embeleza), fruto (alimenta) e semente (fertiliza), é um e contribui para a geração de muitos.

JOGO DA VIDA
Um jogo é tido por perfeito quando tem regras claras e precisas, mantendo-se atuais ao longo do tempo, um jogador é considerado bom quando conhece , respeita e aplica com sabedoria essas mesmas regras. No jogo da vida, em diferentes momentos e circunstâncias, podemos dispor de um ou mais naipes, na certeza de que o trunfo é determinado pelo momento presente, e apostamos o nosso futuro, tendo sempre como cacife o nosso passado.

Então, ” a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória “. Assim, faça a sua aposta, meu amigo, pois no jogo da vida o seu destino está sendo decidido. Os Mestres têm por princípio dirigir-se aos profanos por alegorias ou parábolas e os iniciados, conforme seu grau evolutivo, recebem o ensinamento. Sobre a cabeça de Jesus crucificado os Judeus Inscreveram I.N.R.I. , iniciais de palavras simbólicas e iniciáticas assim interpretadas: I. Iam = Água – N. Nur = Fogo – R. Ruach = Ar – I. Iabesha = Terra. Jesus recebeu a denominação de Mestre por haver sido iniciado pelos Essênios, sendo a cruz um símbolo dos quatro elementos e dimensões, convergindo para o seu centro a essência, o CRISTO que renasce com a morte de Jesus.

Desta forma, no jogo da vida os naipes simbolizam: Ouros a iniciação na terra, nas aquisições da personalidade no Ter ; Copas a iniciação na água, adaptar-se, moldar-se às circunstâncias, criar e gerar, unindo amando, o Ser ; Espadas a iniciação no ar, libertar o espírito, estar com Deus, Fazer um elo com o Divino; Paus a iniciação no fogo, renascimento para novos valores e conhecimentos Realiza o ser, torna-se um condutor do Divino. Assim, neste jogo simbólico desenvolve-se a iniciação em 4 (quatro) dimensões (4 naipes) e em 14 (quatorze) diferentes vibrações (10 números = de 1 a 10 e as quatro figuras que simbolizam os componentes familiares = Rei – Ouros – São José, o mantenedor; Dama – Copas – Maria, concepção da unidade no amor; Cavalheiro – Espadas – Espírito Santo, instrumento da fé e elo com o Divino e Valete – Paus – Jesus, realiza-se na união com o PAI, morre Jesus e Renasce o CRISTO Salvador e REDENTOR da HUMANIDADE ou FAMÍLIA CÓSMICA).

Aprendemos que “Ordenou todas as coisas em número, peso e medida” (Sabedoria, XI,21) e “E Ele a criou no Espírito Santo, e a viu, contou e mediu” (Eclesiastes, 1,9). Podemos por exemplo olhar um Ás e ver: o valor de um (1 = I), as duas Colunas estruturais e o Triângulo perfeito formando o Pentagrama, somado ao primeiro temos o Hexágono Estrelado, símbolo da harmonia; se considerarmos o I como o homem vivo em pé, colocando-se sobre ele o 0 (cabeça), símbolo da totalidade, temos a letra P, símbolo da paternidade; se puxarmos uma perna, temos a letra R, símbolo do homem caminhando para frente, evoluindo como o seu próprio Redentor, cumprindo sua missão, pois R tem o valor de 9, o número símbolo da iniciação, mistério em que ocorre o nascimento místico.

Concluímos que é extremamente importante viver plenamente, seguindo a sugestão de Jorge Luis Borges que afirmou em sua velhice, tivesse a oportunidade de viver de novo, fa-lo-ia muito mais livre e solto, cometeria mais erros e arriscaria mais, privilegiando a alegria e as brincadeiras. É neste mesmo sentido a nossa proposta que, se em dados instantes e circunstâncias da nossa vida devemos agir como guerreiros, em outros , e à medida que amadurecemos, percebemos que quase sempre devemos agir como simples jogadores (brincando), desfrutando os instantes efêmeros diante da eternidade com prazer e alegria a oportunidade para manifestar nossa sabedoria. Desta forma, tanto no trabalho como no jogo, parceiros, parcerias e parceiradas dividem ( : ) encargos, atribuições e responsabilidades, diminuem ( – ) o sofrimento e as necessidades, somam ( + ) os conhecimentos e valores, multiplicando ( x ) prazeres e satisfações.

Antonio Luiz Morais, M.’. M.’.
ARLS Theobaldo Varoli Filho, n° 2699, G.’.O.’.S.’.P.’. – Brasil.