PERSEGUIÇÃO

O Grau 10 é a complementação do Grau 9, eis que a Lenda de Hiram esclarece a perseguição dos outros assassinos.

Seis meses haviam transcorrido do evento que envolvera a captura e morte do primeiro assassino (Abi-Ramah, Abiram), quando um dos intendentes de Salomão, chamado Bendecar, compareceu à presença do Rei e lhe comunicou ter descoberto o paradeiro dos outros dois assassinos. Eles estavam escondidos e trabalhando numa pedreira de Bendecar, um povoado de Geth, pais da Filístia.

Salomão, então, escreveu a Maacha, Rei de Geth, solicitando permissão para perseguir e capturar os criminosos e traze-los para Jerusalém, onde deveriam ser julgados e castigados pelo crime que cometeram.

Salomão acrescentou mais seis Mestres ( entre eles o desconhecido do Grau 9), aos Nove primeiros Eleitos enviados à caverna de Jope, para que fossem perseguir, prender e conduzir a sua presença, os traidores, fazendo-os acompanhar de uma escolta.

Maacha, Rei de Geth, favoreceu a missão. Os quinze Mestres saíram à perseguição, e Stolkin, Zerbal e Bendecar descobriram os criminosos, apoderaram-se deles, levando-os perante o Rei Salomão. Este os condenou a serem amarrados a uns postes, permanecendo expostos ao sol e às moscas, o corpo aberto no peito e em certas partes muito delicadas. Pôs-se fim à sua agonia decaptando-os, indo as suas cabeças a unir-se com a mutilada de Akirop sobre as portas de Jerusalém. Seus corpos foram jogados sobre as muralhas para servirem de pasto aos abutres.

Assim sofreram as penas merecidas pelo crime que cometeram.

Simbolicamente, esses dois assassinos representam os inimigos da liberdade, isto é, emoções desenfreadas, de onde surgem a tirania e o despotismo; o fanatismo, de onde surgem a intolerância e a perseguição: o terceiro e mais culpado significa o ignorância das massas, que permitem a ambição e o fanatismo.

Esses inimigos mataram a Sabedoria, a Verdade e a Compreensão em cada um de nós.

Porém, ao nos dedicarmos à meditação, a busca da verdade, ao estudo para cultivar a nossa mente, esses inimigos do homem são eliminados, são mortos, seja por nós próprios ou por eles mesmos, se precipitando para a morte, como o fizeram Akirop, no Grau 9, e esses dois assassinos no abismo da aniquilação.

O ensino moral-alegórico deste Grau “é que os perversos não podem achar segurança, ainda que passem para paises estrangeiros”.

Esses Graus espelham, outrossim, o rigor das leis hebraicas contra os matadores.

O espírito, ainda que tenha sido de vingança, com o objetivo de punir os culpados com a morte, nada tem de mais natural, para a época. Até nas Escrituras Sagradas dos hebreus, muitos assassinatos foram sancionados pela própria Divindade.

Mesmo hoje em todo o mundo, muitos países punem os crimes de assassinato e outros hediondos com a pena de morte.

E quanto à Maçonaria nem sequer se pode atribuir a ela tal crime de vingança contra os assassinos de Hiram, que é, como já expusemos, apenas uma lenda alegórica e, conseqüentemente, lendários e alegóricos são os históricos de todos os Graus subseqüentes, no que se referem ao tal assassinato.

Elí José Cesconetto,
M.’.M.’., A.’.R.’.L.’.S.’. Vale Do Tijucas 2817, Tijucas (SC) – Brasil.

Bibliografia:
Dicionário de Termos Maçônicos
Ritual do Grau 9 e 10.
Comentários aos Graus Inefáveis do REAA