De nenhum importante acontecimento histórico do Brasil, os maçons estiveram ausentes. Da maioria deles, foram os elementos da Maçonaria os promotores. Não há como honestamente negar que o Fico, A Proclamação da Independência, a Libertação dos escravos, A Proclamação da República, os maiores eventos de nossa pátria foram fatos organizados dentro de suas lojas.
Antes de tudo isso, já na Inconfidência Mineira no século XVIII, a Maçonaria empreendia sua luta em favor da libertação de nossa pátria. Todos os conjurados, sem exceção, pertenciam à Maçonaria: Tiradentes, Thomas Antonio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto, e até mesmo o Judas, o traidor Joaquim Silvério dos Reis, infelizmente também pertencia à ordem.
Apesar de não possuir definição político-partidária ou religiosa, a maçonaria sempre atuou no campo político-ideológico.
Destacaremos por partes estes principais momentos históricos.
Idependência do Brasil: – Em 17 de junho de 1822 – a Loja Maçônica, “Comércio e Artes na Idade do Ouro” em sessão memorável, resolve criar mais duas Lojas pelo desdobramento de seu quadro de Obreiros, através de sorteio, surgindo assim as Lojas “Esperança de Niterói” e “União e Tranqüilidade”, se constituindo nas três Lojas Metropolitanas e possibilitando a criação do “Grande Oriente Brasílico ou Brasiliano”, que depois viria a ser denominado de “Grande Oriente do Brasil”.
José Bonifácio de Andrada e Silva (O Patriarca da Independência) é eleito primeiro Grão-Mestre, tendo Joaquim Gonçalves Ledo como 1º Vigilante e o Padre Januário da Cunha Barbosa como Grande Orador. O Objetivo principal da criação do GOB foi de engajar a Maçonaria como Instituição, na luta pela independência política do Brasil, conforme consta de forma explícita das primeiras atas das primeiras reuniões, onde só se admitia para iniciação e filiação em suas Lojas, pessoas que se comprometessem com o ideal da independência do Brasil.
– No dia 02 de agosto – por proposta de José Bonifácio, é iniciado o Príncipe Regente, D. Pedro, adotando o nome histórico de Guatimozim ultimo imperador Asteca morto em 1522), e passa a fazer parte do Quadro de Obreiros da Loja Comércio e Artes.
– No dia 05 de agosto – por proposta de Joaquim Gonçalves Ledo, que ocupava a presidência dos trabalhos, foi aprovada a exaltação ao grau de Mestre Maçom que possibilitou, posteriormente, em 04 de outubro de 1822, numa jogada política de Ledo, o Imperador ser eleito e empossado no cargo de Grão-Mestre, do GOB.
Porém, foi no mês de agosto de 1822 que o Príncipe, agora Maçom, tomou a medida mais dura em relação a Portugal, declarou inimigas as tropas portuguesas que desembarcassem no Brasil sem o seu consentimento.
Em 14 de agosto parte em viagem, com o propósito de apaziguar os descontentes em São Paulo, acompanhado de seu confidente Padre Belchior Pinheiro de Oliveira e de uma pequena comitiva.
Encontrava-se na colina do Ipiranga, às margens de um riacho, quando foi surpreendido pelo Major Antônio Gomes Cordeiro e pelo ajudante Paulo Bregaro, correios da corte, que lhes traziam noticias enviadas com urgência pelo seu primeiro ministro José Bonifácio.
D. Pedro, após tom ar conhecimento dos conteúdos das cartas e das noticias trazidas pelos emissários, pronunciou as seguintes palavras: “As Côrtes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações; nada mais quero do governo português e proclamo o Brasil para sempre separado de Portugal”.
A independência do Brasil foi realizada à sombra da acácia, cuja as raízes prepararam o terreno para isto. A Maçonaria teve a maior parte das responsabilidades nos acontecimentos literários. Não há como negar o papel preponderante desta instituição maçônica na emancipação política do Brasil.
Posteriormente, no dia 04 de Outubro de 1822, D. Pedro comparece ao Grande Oriente do Brasil e toma posse no cargo de Grão-Mestre, senda na oportunidade aclamado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil.
No mesmo dia, Joaquim Gonçalves Ledo, redigiu uma nota patriótica ao povo Brasileiro, a primeira divulgação, depois da independência, que dizia: “Cidadãos! A Liberdade identificou-se com o terreno; a natureza nos grita Independência; a razão nos insinua; a justiça o determina; a glória o pede; resistir-lhe é crime, hesitar é dos covardes, somos homens, somos Brasileiros. Independência ou Morte! Eis o grito de honra, eis o brado nacional…”
A independência do Brasil foi proclamada em 22 de agosto de 1822, no Grande Oriente do Brasil. O grito de independência foi mera confirmação. Ninguém ignora também que o Brasil já estava praticamente desligado de Portugal, desde 9 de janeiro de 1822, o dia do Fico. E o Fico foi um grande empreendimento Maçônico, dirigido por José Joaquim da Rocha, que com um grupo de maçons patriotas, fundou o Clube da Resistência, o verdadeiro organizador dos episódios de que resultou a ficada.
Libertação dos Escravos: A libertação dos escravos no Brasil foi não há como negar, uma iniciativa de maçons, um empreendimento da Maçonaria.
A Maçonaria, cumprindo sua elevada missão de lutar pela reivindicação dos direitos do homem, de batalhar pela liberdade, apanágio sagrado do Homem, empenhou-se sem desfalecimento, sem temor, incessantemente pela emancipação dos escravos.
Para confirmar estes fatos basta verificar a predominância extraordinária de maçons entre os líderes abolicionistas. Dentre muitos destacaram-se Visconde de Rio Branco, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Eusébio de Queiroz, Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa, Cristiano Otoni, Castro Alves, e muitos outros.
8 de junho de 1833: O Grande Oriente do Brasil aprova gastos para libertar uma escrava.
3 de março de 1872: O padre Joaquim de Almeida Martins, Orador de uma Loja Maçônica, discursa ressaltando a importância da lei do “Ventre Livre”.
4 de abril de 1870: Rui Barbosa apresenta na Loja “América” em São Paulo, a primeira proposta de Lei referente a libertação de escravos.
25 de março de 1884: O maçom Satiro Dias, governador da província do Ceará decreta a liberdade dos escravos em sua província.
17 de maio de 1884: Nota de um Jornal de Porto Alegre – Rio Grande do Sul: “Declaração” – A comissão da Loja Maçônica “Luz e Ordem” para promover a libertação dos escravos no próximo 24 de junho convidam, aos interessados a apresentar suas petições ao nosso irmão tesoureiro Bentas Batista Orsi, na Rua Voluntários n° 237, até o dia 12 de junho, dia em que a comissão designará os escravos que serão comprados e libertados conforme o dinheiro disponível no caixa da Loja, ficando o escravo de retirar sua carta de liberdade no dia 24 de junho, as 8 horas da noite na casa Maçônica. Assinam o “Presidente João Carlos Quelma e o Tesoureiro Bento Batista Orsi.”
10 de outubro de 1887: A Loja Capitular “Cavaleiros da Cruz” publica o seguinte anuncio: “A Aug.’. Loja Capitular “Cavaleiros da Cruz” resolve
Art. 1° – A contar de 7 de novembro, a nenhum membro desta organização será permitido ter escravos de qualquer titulo, devendo até esta data, libertar os que ainda tenham.
Art. 2° – Todo candidato a iniciação, filiação ou regularização, tomará por escrito o compromisso de libertar todos os escravos que tenha.
Art. 4° – A todos os membros desta Loja, fica proibido, sob pena de eliminação, requerer, promover, denunciar, castigar ou permitir o castigo ao homem escravo.
Art. 5° – Requerer dos Poderes Soberanos da Maçonaria,que estas medidas sejam ampliadas a todos os membros da ordem em todo o país”.
13 de maio de 1887: A princesa Isabel, Princesa Regente em substituição a D. Pedro em viagem ao exterior, sensibilizada pelos manisfestos abolicionistas da Maçonaria e da Igreja Católica, decretou a “Lei Äurea” colocando fim a escravatura dos negros no território brasileiro.
A proclamação da República: A proclamação da República, não há dúvidas de que também foi um notável empreendimento maçônico.
O Império Brasileiro estava desgastado e vagarosamente ruía-se. Iniciou a sua queda em 1870, após a Guerra do Paraguai, onde, mesmo o Brasil saindo vitorioso daquela campanha, o Exército, seu principal agente, não foi devidamente valorizado, causando sérios descontentamentos. A igreja, por sua vez queria a liberdade, pois, encontrava-se submetida ao padroado Imperial.
Mas o fato principal, que fez com que o Império perdesse a sua sustentação, foram as leis antiescravistas, defendidas fervorosamente nas Lojas Maçônicas Brasileiras. Leis essas todas citadas no tema anterior.
Em 10 de novembro de 1889, em uma reunião na casa do Irmão Maçom Benjamin Constant, onde compareceram os Irmãos Maçons Francisco Glicério e Campos Salles, que decidiram pela queda do Império. Benjamin Constant foi incumbido de persuadir o Marechal Deodoro da Fonseca, já que este era muito afeiçoado ao Imperador.
Em 15 de novembro de 1889: Sob respaldo da Maçonaria, o Marechal Deodoro da Fonseca, liderando as forças militares proclama a Independência do Brasil e seu primeiro Ministério foi composto por Rui Barbosa, Campos Sales, Quintino Bocaiúva e Benjamin Constant, entre outros..
Mera casualidade? Não. Todos do ministério com registros históricos da condição de maçons. Em editorial da Gazeta da Tarde, edição de 15 de Novembro de 1889, foi publicado o seguinte: “A partir de hoje, 15 de Novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, pois, pode-se considerar o fim da MONARQUIA, passando o regime francamente democrático, com todas as conseqüências da LIBERDADE“.
E em mensagem ao novo governo, o Imperador D. Pedro I destinou o seguinte texto: “A vista da representação escrita que me foi entregue hoje, às 3 horas da tarde. Resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir com toda minha família para a Europa, deixando essa Pátria, de nós tão estremecida, à qual me esforcei por dar constante testemunho de estranho amor e dedicação. Durante mais de meio século em que desempenhei o cargo de Chefe de Estado. Ausentando-me, pois, com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo o mais ardente voto por sua grandeza e prosperidade“.
Estava assim, finalmente Proclamada a República com LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE, presente em todas as casas dos cidadãos brasileiros, que sofreram o amargor da tirania da Coroa de Portugal.
E no dia 19 de Dezembro do mesmo ano, Marechal Deodoro da Fonseca foi nomeado Grão – Mestre do Grande Oriente do Brasil.
Conclusão
Assim foi e tem sido a atuação da Maçonaria com relação ao Brasil, sempre apoiando e lutando para a concretização dos ideais mais nobres da pátria, comprometendo-se em favor da liberdade e condenando as injustiças.
A exemplo de todos estes fatos devemos ter os mesmos atos de coragem que tiveram os maçons que hoje fazem parte da história da Humanidade. Temos a obrigação de agir para que, no futuro, sejamos citados pelos maçons que nos sucederem, e que, da mesma forma, os nossos nomes fiquem registrados, como cidadãos atuantes, na memória histórica por toda a Nação.
Guilherme A. Tavares, A.’.M.’.
A.’.R.’.L.’.S.’. Fraternidade e Evolução nº 3198, Or.’. de São Paulo – SP / Brasil
Bibliografia:
Caderno de instruções do grau de A.’.M.’.;
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=247
http://www.estrela.rudah.com.br/modules/news/print.php?storyid=13
http://www.pioneirosdebrasilia.com/A_MACONARIA_E_A_INDEPENDENCIA_DO_BRASIL.doc
http://www.samauma.biz/site/portal/conteudo/opiniao/emacv07independencia.html